06 dezembro 2016

Reduz as necessidades?


Os dias de reparação de uma avaria colocaram-me nas mãos um modelo de telemóvel duas gerações atrás do atual. Esta marca tem a facilidade de conseguirmos replicar a configuração de um aparelho e assim o substituto ficou quase igual ao original.

Dentro do quase que não era igual, estava o tamanho até para melhor, mais tamanho de telemóvel. A seguir, a velocidade, incrivelmente mais lenta. Quando o anterior seguia os meus toques a toque de caixa sem protestar, para este não valia a pena dar muitos toques seguidos, era um de cada vez e vamos com calma.

Ora bem, esta limitação tem algo de didático. Será que eu precisava mesmo de dar os outros toques seguidos e andar para trás e para a frente, tantas vezes sem acertar à primeira com o que realmente queria fazer? No caso do substituto diminuído, eu era obrigado a pensar mesmo no que queria fazer e a tentar ir direto ao objetivo, já que o andar para trás e para a frente era penoso.

Aos poucos ou aos muitos, perdemos a noção da limitação das capacidades neste campo dos bits e dos bytes, que agora até já só se medem dos giga para cima. Desdobramos e replicamos informação, sem conta nem medida. A facilidade de clique e desclique, para a frente e para trás, vista ao longe, sem som nem legendas, faz-nos parecer baratas tontas. Por um lado é ótimo não sentir limitações, por outro lado não o gerir é mau. Quando precisarmos, provavelmente não saberemos.

“Reduz as necessidades, se queres passar bem”. Jorge Palma

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