Pois é. Lá vem o tal dia com as comemorações rotineiras e com as polémicas paroquiais que sempre se arranjam nesta altura. Desta vez trata-se da inauguração da praça Salazar em S. Comba Dão. Mais paroquial não poderia ser. O 25 de Abril é uma data passada e com um valor associado intemporal. Não casa com os nostálgicos dos tempos revolucionários nem com relativização do que representa. E cada vez é mais difícil fazer com que os que não viveram o “antes” consigam olhar para a data como mais do que um simpático feriado em que os chatos do costume lá vêm de novo proclamar a liberdade e coisas que tais, sabendo que quem nunca viveu a guerra nunca dará o real valor à paz.
No actual fundo de crise a sério, porque crise em geral já não me lembro de não existir, há umas reflexões a fazer. O tal dito de S. Comba foi popularmente votado o maior português de todos os tempos. Esta nostalgia corresponde a simpatia pela pobreza? Preferimos ser pobres e estáveis a “ir à luta” do desenvolvimento? E quando falo em desenvolvimento não falo apenas do económico. O Portugal de Salazar além de pobre é tacanho, pequenino e mesquinho!
Nas crises nascem as ditaduras, porquê? Porque as dificuldades exigem uma liderança forte que inviabiliza os largos consensos? Vejamos os franceses que são um bom exemplo nestas coisas. Quando protestam violentamente contra o fecho das fábricas, aqueles que protestam com tanta determinação assumiriam alguma vez uma postura construtiva, pragmática e alternativa? Não, sinceramente penso que não. E quando o protesto é destrutivo e primário, há uma menorização implícita do protestante. Ao pegar no machado para destruir a embarcação em que viajamos, no fundo, no fundo, ninguém quer naufragar. É o: “agarrem-me, senão eu faço!”. E quando a mão que brame o machado não tem mais ouvido para razoavelmente escutar, só restará tirar-lhe o machado pela força. E a essa força quando começa, não se sabe quando nem como acaba. O regime “forte”/ditadura nasce então a partir do protesto demitido.
Quando a resposta à crise é a nostalgia da pobreza, da utopia falida ou a demissão social, tudo isto são variantes do ser pequenino e o que faz falta é ser grande e enfrentar a tormenta em vez de ficar escondido ou simplesmente barricado atirando pedras de protesto.
No actual fundo de crise a sério, porque crise em geral já não me lembro de não existir, há umas reflexões a fazer. O tal dito de S. Comba foi popularmente votado o maior português de todos os tempos. Esta nostalgia corresponde a simpatia pela pobreza? Preferimos ser pobres e estáveis a “ir à luta” do desenvolvimento? E quando falo em desenvolvimento não falo apenas do económico. O Portugal de Salazar além de pobre é tacanho, pequenino e mesquinho!
Nas crises nascem as ditaduras, porquê? Porque as dificuldades exigem uma liderança forte que inviabiliza os largos consensos? Vejamos os franceses que são um bom exemplo nestas coisas. Quando protestam violentamente contra o fecho das fábricas, aqueles que protestam com tanta determinação assumiriam alguma vez uma postura construtiva, pragmática e alternativa? Não, sinceramente penso que não. E quando o protesto é destrutivo e primário, há uma menorização implícita do protestante. Ao pegar no machado para destruir a embarcação em que viajamos, no fundo, no fundo, ninguém quer naufragar. É o: “agarrem-me, senão eu faço!”. E quando a mão que brame o machado não tem mais ouvido para razoavelmente escutar, só restará tirar-lhe o machado pela força. E a essa força quando começa, não se sabe quando nem como acaba. O regime “forte”/ditadura nasce então a partir do protesto demitido.
Quando a resposta à crise é a nostalgia da pobreza, da utopia falida ou a demissão social, tudo isto são variantes do ser pequenino e o que faz falta é ser grande e enfrentar a tormenta em vez de ficar escondido ou simplesmente barricado atirando pedras de protesto.
2 comentários:
"Ser grande e enfrentar a tormenta" contém um sem número de significados em que, provavelmente cabe também aquilo que pode ser visto como atitude irresponsável. Constantemente nos confrontamos com o carácter relativo das coisas e crer/querer que uma só visão seja a certa é, parece-me, limitado, dogmático. Quem não quer ser grande e enfrentar a tormenta? Quantos não pensam estar a fazê-lo, porém de maneiras tão diversas?
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