A expressão “Banalização do mal”, “criada” por Hannah Arendt após assistir ao julgamento de Adolf Heichmann é muito facilmente citada. Eu mesmo não resisti a evocá-la no último texto a propósito do massacre de Winnenden. Coincide ainda com o julgamento do monstro de Amstetten, o tal que sequestrou e violou a filha durante 24 anos, e que também teve direito a esse carimbo.
Não me apercebi na altura em que li o trabalho da autora mas, ao olhar agora de novo para a expressão, parece-me algo infeliz ou imprecisa. Enquanto houver bem, haverá mal e o mal é muito frequentemente banal, no sentido de trivial; não é necessária ou habitualmente transcendente. Ou seja, a motivação para provocar mal raramente é excepcional ou grandiosa. Muitas vezes é até bem mesquinha e vulgar. E isso não é equivalente a banal? E é bem certo que a máquina nazi era tudo menos banal.
Hannah Arendt fica siderada porque esperava ver ódio na motivação dos assassinos e algum tipo de carga emocional. Quando um funcionário nazi diz friamente que executar uma ordem para carregar um comboio com judeus destinados a uma câmara de gás não é diferente de executar uma outra ordem qualquer, como mandar limpar a sala e parecendo acreditar no que diz, não podemos deixar de ficar estupefactos.
Este mal não é “quente”, mas sim “frio”. E aqui, sim, reside a particularidade e a monstruosidade. Por muito ou pouco condenável ou justificável que seja, fazer mal deve ser intencional. Assim, poderá ser avaliado, questionado e combatido. Provocar mal conscientemente mas sem intenção ou percepção de o fazer é… desumano ou demente.
Não presenciei, obviamente, esse nem a outros testumhos mas vi entrevistas gravadas a alguns indivíduos da mesma categoria. Não estou assim tão convencido dessa indiferença. A atitude de defesa de não pensar e de não questionar não é equivalente a pensar que não é nada.
No mal frio eu não acredito. Um malévolo frio ou é louco ou é desonesto, sendo ambas as posturas duas formas clássicas de reagir em tribunal perante uma acusação grave. No fim, pode-se especular eternamente sobre a motivação e a percepção do mal na perspectiva de quem o provoca, mas, no entanto, do lado de quem o sofre, a visão é bastante mais clara.
Não me apercebi na altura em que li o trabalho da autora mas, ao olhar agora de novo para a expressão, parece-me algo infeliz ou imprecisa. Enquanto houver bem, haverá mal e o mal é muito frequentemente banal, no sentido de trivial; não é necessária ou habitualmente transcendente. Ou seja, a motivação para provocar mal raramente é excepcional ou grandiosa. Muitas vezes é até bem mesquinha e vulgar. E isso não é equivalente a banal? E é bem certo que a máquina nazi era tudo menos banal.
Hannah Arendt fica siderada porque esperava ver ódio na motivação dos assassinos e algum tipo de carga emocional. Quando um funcionário nazi diz friamente que executar uma ordem para carregar um comboio com judeus destinados a uma câmara de gás não é diferente de executar uma outra ordem qualquer, como mandar limpar a sala e parecendo acreditar no que diz, não podemos deixar de ficar estupefactos.
Este mal não é “quente”, mas sim “frio”. E aqui, sim, reside a particularidade e a monstruosidade. Por muito ou pouco condenável ou justificável que seja, fazer mal deve ser intencional. Assim, poderá ser avaliado, questionado e combatido. Provocar mal conscientemente mas sem intenção ou percepção de o fazer é… desumano ou demente.
Não presenciei, obviamente, esse nem a outros testumhos mas vi entrevistas gravadas a alguns indivíduos da mesma categoria. Não estou assim tão convencido dessa indiferença. A atitude de defesa de não pensar e de não questionar não é equivalente a pensar que não é nada.
No mal frio eu não acredito. Um malévolo frio ou é louco ou é desonesto, sendo ambas as posturas duas formas clássicas de reagir em tribunal perante uma acusação grave. No fim, pode-se especular eternamente sobre a motivação e a percepção do mal na perspectiva de quem o provoca, mas, no entanto, do lado de quem o sofre, a visão é bastante mais clara.
Correcção em 21.3.2009: O julgamente em causa não foi o de Nuremberga mas sim um especial em Israel para este senhor capturado posteriormente pelos israelitas. As minhas desculpas pela confusão...
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