O vendaval começou com a AIG, quando se soube que a seguradora americana, ainda há poucos meses à beira da falência e salva pelo estado americano com muitos milhões de euros, um daqueles números com tantos zeros que ultrapassa a nossa capacidade de avaliação, ia distribuir uns milhões de euros pelos seus gestores, como prémio.
Ora bem, se estes gestores quase levaram a empresa à falência, não deveriam ter direito a prémio, antes pelo contrário. É uma lógica simples e até Barack Obama reagiu fortemente afirmando que o dinheiro dos contribuintes não poderia ser usado para esse fim. E foi a correr criar legislação para taxar esses prémios e “recuperar” os milhões para os cofres públicos. É fácil estar de acordo com este princípio e entender a revolta que tal “prémio” provoca em quem perdeu o seu emprego e/ou as suas poupanças na actual tormenta, mas à parte o populismo, há mais pontos a considerar.
Se esses gestores foram realmente incompetentes e desastrosos, não é o bónus que é indevido. É tudo, incluindo o seu salário fixo e outras mordomias. Se não prestam devem ser despedidos e ponto final. Se não é esse o caso e se a sua continuidade é útil para as empresas, não é necessariamente mau que a sua remuneração tenha uma componente fixa e outra variável, a que se chama “prémio”. Essa parte variável tem, em geral, regras bem definidas e o prémio em questão na AIG pode muito bem ser apenas o resultado do que está contratualizado com essas pessoas e não fruto de uma decisão arbitrária. Se o “valor” dessas pessoas no seu mercado de trabalho é tal que o que recebem no total de fixo mais variável é o “justo”, sob pena sairem da empresa por receberem propostas mais aliciantes, não podemos criticar a existência “per si” do prémio.
Podemos então questionar duas coisas: A primeira é se esse “mercado” está equilibrado? Estes “gestores” não terão andado entretidos a aumentarem-se uns aos outros durante os tempos faustos criando uma bolha a precisar de ser purgada? A segunda questão é uma noção de responsabilidade e solidariedade social. Pode estar tudo formalmente muito certo, mas é questionável manter estritamente as condições do “contrato” no contexto actual. A uma situação excepcional devem corresponder acções excepcionais. Já experimentei a situação de eu e um grupo de pessoas, fortemente comprometidas com a sobrevivência duma empresa em dificuldades, termos aceite reduzir pontual e temporariamente o nosso vencimento e isso é “normal”.
Uma coisa é certa: quando os operários da Valeo francesa vêm a empresa em sério risco de sobrevivência, serem suprimidos 1600 postos de trabalho e o seu presidente ter uma “prenda” de despedida de 3,2 milhões de euros, é muito, mas mesmo muito difícil aceitar e entender que isso seja justo. É assim que começam as revoluções.
Ora bem, se estes gestores quase levaram a empresa à falência, não deveriam ter direito a prémio, antes pelo contrário. É uma lógica simples e até Barack Obama reagiu fortemente afirmando que o dinheiro dos contribuintes não poderia ser usado para esse fim. E foi a correr criar legislação para taxar esses prémios e “recuperar” os milhões para os cofres públicos. É fácil estar de acordo com este princípio e entender a revolta que tal “prémio” provoca em quem perdeu o seu emprego e/ou as suas poupanças na actual tormenta, mas à parte o populismo, há mais pontos a considerar.
Se esses gestores foram realmente incompetentes e desastrosos, não é o bónus que é indevido. É tudo, incluindo o seu salário fixo e outras mordomias. Se não prestam devem ser despedidos e ponto final. Se não é esse o caso e se a sua continuidade é útil para as empresas, não é necessariamente mau que a sua remuneração tenha uma componente fixa e outra variável, a que se chama “prémio”. Essa parte variável tem, em geral, regras bem definidas e o prémio em questão na AIG pode muito bem ser apenas o resultado do que está contratualizado com essas pessoas e não fruto de uma decisão arbitrária. Se o “valor” dessas pessoas no seu mercado de trabalho é tal que o que recebem no total de fixo mais variável é o “justo”, sob pena sairem da empresa por receberem propostas mais aliciantes, não podemos criticar a existência “per si” do prémio.
Podemos então questionar duas coisas: A primeira é se esse “mercado” está equilibrado? Estes “gestores” não terão andado entretidos a aumentarem-se uns aos outros durante os tempos faustos criando uma bolha a precisar de ser purgada? A segunda questão é uma noção de responsabilidade e solidariedade social. Pode estar tudo formalmente muito certo, mas é questionável manter estritamente as condições do “contrato” no contexto actual. A uma situação excepcional devem corresponder acções excepcionais. Já experimentei a situação de eu e um grupo de pessoas, fortemente comprometidas com a sobrevivência duma empresa em dificuldades, termos aceite reduzir pontual e temporariamente o nosso vencimento e isso é “normal”.
Uma coisa é certa: quando os operários da Valeo francesa vêm a empresa em sério risco de sobrevivência, serem suprimidos 1600 postos de trabalho e o seu presidente ter uma “prenda” de despedida de 3,2 milhões de euros, é muito, mas mesmo muito difícil aceitar e entender que isso seja justo. É assim que começam as revoluções.
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