- A nossa festa nacional não está ligada a nenhum facto político, militar ou económico.
- Não?
- Não, não é dia de batalha, nem de revolução, nem de independência primeira ou restaurada, nem de constituição, nem de rei ou raínha.
- Não?!?
- Não, nada disso!
- Então?!?
- É o dia de um Poeta!!!
- Ahhh!?!?!?
Pois é! A descrição acima está um pouco incompleta. Talvez que se Camões não tivesse escrito a epopeia nacional, o seu brilho lírico e profundo contributo para a língua e cultura portuguesas não teriam sido suficientes. Não importa muito agora. O que importa dizer é que o facto de a festa nacional ser de raiz puramente cultural é um sinal de enorme maturidade civilizacional e de uma identidade consolidada como poucas outras. Mas hoje também não é dia para comparações.
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
(Luís de Camões e, para ouvir melhor, juntar o Zeca Afonso)
1 comentário:
Hoje não é dia de comparações, nem de criticas. Concordo! Orgulha-me que o dia de Portugal tenha essa maturidade cultural de que falas e que englobe as comunidades.
Hoje é o dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Fica-nos bem!
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