23 junho 2008

Palácios




Será difícil não reconhecer que por detrás de cada palácio está algum tipo de desumanidade. O que é associado a um nível supremo de civilização e de apuro estético tem, quantas, todas (?), as vezes, na sua génese e construção um pleno de misérias e de barbaridades.

Mas, mais do que o mau dessa fase da realização, em que a sumptuosidade da construção é proporcional à injustiça e ao desequilíbrio na distribuição da riqueza, chocam-me os que em seguida parasitam os palácios. Os que saltam as barreiras de entrada e conseguem singrar nos seus corredores, nada mais fazendo do que insinuando e usufruindo... dos corredores do palácio. São a pior raça de gente que pode existir neste mundo.

Hoje não se fazem palácios, ou os que se fazem têm democraticamente uma função aberta à sociedade. Pisamos os corredores e as escadarias de palácios antigos, no passado restritos a monarcas e parasitas e … apreciamos?

E até pode ser para visitar a história de um militante anti-palácio. Não se percebe bem se por distracção, desvalorização ou provocação vem contar a sua vida na ala de um monarca, paredes-meias com o Ministério de quem ele se queixa de o ter exilado do país.

E tantas vezes o génio criador está associado a carências de coerência e de personalidade verdadeiramente atrozes. Seria bom que Saramago esclarecesse o que é para ele Portugal e esta exposição. Para vermos se saímos com uma grandeza à medida da obra ou se nos mantemos na mesquinhez das declarações ressabiadas de quem não consegue ser superior aos seus opositores.

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