6) O nosso PCP
Durante o Estado Novo, o PCP foi uma das forças mais bem
organizadas e ativa na oposição ao regime, embora seja pena que muitos dos
arquivos da Pide relativos a esse tempo tenham desaparecido. Há quem diga que
embarcaram para Moscovo…
Nessa época, qualquer opositor era etiquetado com o anátema
de “comunista”, uma certa generalização, da mesma forma como em 1975 um não
comunista era marcado como “fascista”.
Houve coragem de quem ousou ser opositor e isso é de
reconhecer. No entanto, não foi o PCP quem fez a revolução de Abril e a sua
ação posterior foi pouco democrática. Não é aqui local para concretizar todas
as formas como os comunistas se tentaram apropriar do regime, mas o condicionarem
os partidos políticos legitimados democraticamente, incluindo o cerco da
Assembleia Constituinte, e o tentar prolongar o poder do MFA e do “Conselho da
Revolução”, são bons e simples exemplos.
A chamada legitimidade revolucionária pode ser necessária e
eficaz no dia da revolução, quando um vazio criado tem de ser preenchido por
alguém e não há tempo nem condições para constituir e dar poder a novos órgãos
com outra legitimidade, mas a dita, revolucionária, esvaziar-se-á em seguida, de
dia para dia, e tentar mantê-la permanentemente chama-se apropriação.
Não faltam por esse mundo fora países onde a
legitimidade revolucionária de quem combateu o colonizador continua a validar a
sua presença no poder por décadas e gerações. Por norma não são casos de
sucesso no que diz respeito à qualidade de vida dos seus cidadãos.
Felizmente Portugal teve a maturidade suficiente para
deslegitimar esta “legitimidade revolucionária” com muito pouco drama e sangue
e, apesar de todas as deficiências atuais do sistema e dos partidos, estamos
muito melhor do que estaríamos se tivéssemos ficado exclusivamente nas mãos dos
marxistas puros e duros.
Tudo isto para concluir que ser comunista em Portugal pode
ser invocar os pergaminhos das lutas passadas contra a ditadura, mas a sua ação
em 1975 preparava outra – “Olhe que sim, olhe que sim!”. Não, não é um partido defensor
da liberdade.
Deixando o passado, hoje o PCP é um partido que não fez a
prova de fogo de estar no poder democraticamente e não sabemos bem como se
comportaria se disso tivesse oportunidade. Aplicaria a cartilha original de
Marx, a prática de Estaline ou o sistema de Putin?
Começou aqui
Continua para conclusão aqui
Sem comentários:
Enviar um comentário