Nos tempos atribulados que vivemos quanto a estrangeiros,
migrações e nacionalidades, falta muita reflexão objetiva, racional e,
aparentemente, aquela coisa que toda a gente proclama ter, que é o bom-senso.
Migrações e evoluções sociais e culturais na sequência da
chegada de gente diferente, sempre houve na história da humanidade, mas, mas…
quando essas mudanças são demasiado rápidas (a velocidade é relativa, certo),
os “mudados” passam a sentir que aquela “casa” já não é a sua e temos um
problema “legitimo”. Pessoalmente, não tenho nenhuma questão com a tez da pele
das pessoas, mas tenho sim com os códigos sociais, quando eles são radicalmente
diferentes das nossas referências. Já vivi em outras paragens e não gostaria
que alguns comportamentos que lá são normais passem a ser norma aqui.
A definição dos limites de uma nação é complexa. Não é
apenas geográfica, embora muitas vezes as cadeias montanhosas se transformem em
fronteiras naturais e uma boa parte da nossa fronteira com Espanha ser fluvial.
Não é apenas pela língua, já que existem nações multilinguísticas e outras
vizinhas que partilham a língua, mas que se diferenciam. Não é também
religiosa, apesar de em muitos casos as nações terem sido construídas
precisamente sobre a homogeneidade religiosa.
Não há uma definição simples e abrangente do que é integrar
uma nação. Penso que passa muito por uma conjugação no plural de um “somos” e
um “fomos”, oportunamente desvalorizando/olvidando o que nos separa/separou e
recordando/promovendo o que nos pode orgulhar e unir.
Por isso, para alguém poder ser português, não basta
preencher um formulário, nem tão pouco genéticas e credos deverão ser condições
de exclusão. O que deve ser obrigatório sim, são as referências culturais. É
partilhar o “somos” e o “fomos”. Desculpem lá a pequena provocação, mas, como
exemplo, quem desconhece Camões não pode ser português.
Atualizado a 14/8 com o recorte da publicação no "Público", com a última frase omitida... falta de espaço...(ideológico?)
Sem comentários:
Enviar um comentário