Se a imigração passou recentemente a ser tema sensível e até “fraturante” não é por acaso, nem por mera moda ideológica. É porque, menos em Portugal do que noutros locais, há transformações sociais em curso que preocupam quem se deve preocupar com a sociedade em que queremos viver.
Venissieux é uma localidade na periferia de Lyon, em França.
Em agosto passado, na padaria da praça central, uma empregada enganou-se e em
vez de uma quiche de queijo, entregou uma quiche lorena, que inclui toucinho.
Os clientes, ultrajados, quando descobriram o engano, voltaram para agredir a
empregada e tentar vandalizar o estabelecimento. Felizmente o proprietário
estava presente e conseguiu acalmar os ânimos, sendo o incidente encerrado sem
consequências de maior.
Na sequência deste acontecimento, o proprietário decidiu
banir a carne de porco do estabelecimento e colocar o mesmo à venda. O
principal supermercado tradicional do bairro já migrou para uma versão “halal.
Os cafés e restaurantes retiram as bebidas alcoólicas da sua oferta. As
professoras receiam apresentarem-se nas escolas com saias que possam “provocar”.
Não há aqui necessariamente um problema legal, mas, a
densidade e a pressão de uma comunidade que forçam uma mudança no quadro social
e cultural tradicional, sendo que essas mudanças constituem um retrocesso nos
direitos, especialmente das mulheres, cerceando liberdades e tantas coisas que
fizerem o sucesso deste nosso mundo.
Para evitar entrar por esse caminho devíamos definir e
balizar hoje a sociedade em que queremos viver. Deixar rolar até haver uma outra
maioria que imponha outros valores não será o ideal e não terá final feliz.
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