Não é que sejamos sistematicamente os melhores entre os melhores, como alguém gosta de andar por aí a repetir, mas Carlos Lopes foi certamente um dos melhores do mundo no seu domínio.
Aquela madrugada da maratona de Los Angeles foi um momento
histórico e dos mais intensos vividos por muitos portugueses. Era a medalha de
ouro, e logo numa das mais emblemáticas e prestigiosas provas olímpicas, ganha
com um inequívoco domínio da corrida e uma desconcertante frescura final.
Um destes dias apanhei na televisão um programa recente em
que o atleta conversava com Fátima Campos Ferreira. Para lá dos detalhes que em
parte já conhecemos, como a compatibilização daquele nível de preparação com
uma atividade profissional, do atropelamento na segunda circular escassas
semanas antes dos jogos, etc, há uma imagem que me fica do campeão.
Carlos Lopes foi ambicioso e assumiu essa ambição. Trabalhou
duro para a cumprir. Apesar de possuir certamente características genéticas que
o ajudaram, reconhece que não chegou lá por acaso, nem se perdeu em
choradinhos. Assume a sua ambição e autoconfiança, mas de uma forma
absolutamente sã.
Sim, a ambição, e a mais elevada, não implicam forçosamente golpes
baixos nem oportunismos duvidosos, arrogância ou altivez.
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