É relativamente fácil elogiar os mortos. São previsíveis e não há ricochete possível. Sobre os elogios póstumos a Jorge Sampaio, julgo, no entanto, que muitos não teriam tido dificuldade em o ter dito em vida do mesmo, sem receio de surpresas ou de golpes baixos. O Presidente da República, dentro dos seus defeitos e qualidades, incluía elevação e respeito por todos.
Jorge Sampaio não teria sido provavelmente um bom
Primeiro-Ministro. Àquela do “Há vida para além do déficit” faltava “Sim, há, e
chama-se falência e troika”. Como qualquer humilde contabilista doméstico sabe,
gastar mais do que se ganha, acaba mal.
Apesar disso, há um nível de respeito por todos e de todos
para ele, que não encontramos na geração seguinte dos, chamemos-lhe, líderes
partidários, que nem dentro do mesmo partido se respeitam. Será que um ambiente
de repressão, censura e de luta pela liberdade gera personalidades mais ricas e
humanas do que a luta pela liderança na juventude partidária? Pois… E a solução
passará por um novo período de ausência de liberdade?
Apesar de todos os sinais em contrário e de toda a pobreza intelectual
e humana, carência de dignidade e princípios que vemos nas estrelas (?)
ascendentes que nos anunciam, quero acreditar que não. Quero acreditar que o
respeito por todas as opiniões e posições é e deverá continuar a ser um
alicerce e pilar deste edifício em que vivemos. Falta sempre juntar a
capacidade de gerar riqueza e de sustentabilidade económica, social e
ambiental. Ter que passar por novo período de trevas para tal (re)afirmação
seria triste.
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