05 abril 2020

Viva quem canta


Na monotonia dramática do tema que tem monopolizado as notícias, há e haverá outras coisas que vale a pena evocar, não relacionadas com o dito cujo drama. É importante fazer um esforço e procurar mais mundo, mais gente e mais coisas a destacar. Sendo que mais vale tarde do que nunca, apetece-me evocar Pedro Barroso, recentemente falecido.

Um cantante autor popular, num dos sentidos mais puros e ricos do tema. A sua música entra por todos os ouvidos, simples de ouvir, mas não pobre. A difícil qualidade do não complicado. E aqui fica uma bela memória porque não vale a pena mais conversa inventar.

Menina em teu peito sinto o Tejo
E vontades marinheiras de aproar
Menina em teus lábios sinto fontes
De água doce que corre sem parar

Menina em teus olhos vejo espelhos
E em teus cabelos nuvens de encantar
E em teu corpo inteiro sinto feno
Rijo e tenro que nem sei explicar

Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero te tanto
Que não vai haver menina para sobrar

Aprendi nos 'esteiros' com Soeiro
E aprendi na 'fanga' com Redol
Tenho no rio grande o mundo inteiro
E sinto o mundo inteiro no teu colo

Aprendi a amar a madrugada
Que desponta em mim quando sorris
És um rio cheio de água lavada
E dás rumo à fragata que escolhi

Se houver alguém que não goste
Não gaste, deixe ficar
Que eu só por mim quero te tanto
Que não vai haver menina para sobrar

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