21 outubro 2019

Pobres e ricos, justiça e injustiça (I)


Ao constatar a disparidade entre os extremamente ricos que ostentam, esbanjam e desperdiçam e os extremamente pobres que não têm pão, teto nem cuidados de saúde, não é difícil constatar a existência de um problema de justiça neste mundo. Obviamente que haverá gente mais rica do que a média por mérito próprio, por terem honestamente gerado a riqueza que possuem e alguns pobres que o são por sua responsabilidade, por não fazerem o mínimo esforço para criar e manter meios decentes de subsistência, que estariam ao seu alcance. Se isto é verdade, também é verdade que a questão não começa nem acaba num “Quem quer bolota, trepa!”.

É relativamente fácil defender uma atitude de ataque, tipo Robin dos Boques, de tirar aos ricos para dar aos pobres, numa ótica de que ladrão que rouba a ladrão tem direito a perdão e, mais do que perdão, terá mesmo obrigação. A necessidade de haver alguma (re)distribuição da riqueza é inquestionável, mas é ingénuo acreditar que tudo se resolve apenas montando e ajustando um franco sistema de vazos comunicantes… até porque o que se distribui não vem de uma nascente espontânea, onde apenas faltaria definir a respetiva repartição.

Numa perspetiva de dinâmica sustentável, que é a de um mundo vivo como o nosso, não se pode falar de riqueza e esquecer a sua criação, porque sem criação, a prazo, acabará por não haver nada para distribuir. E a criação da riqueza envolve iniciativa, riscos e rasgo e… prémio. Sem prémio não haverá criação de riqueza e das tentativas empreendidas sairão sucessos e fracassos. Algumas iniciativas terão muito sucesso, outras pouco, por vezes resultado neutro e muitas provocarão perdas em vez de ganhos.

A incerteza num processo de criação, provocará resultados forçosamente assimétricos, pelo menos na origem.

Aceitamos, portanto, que as desigualdades são uma caraterística intrínseca deste sistema e nada há a fazer? Não – tema para um próximo capítulo.

1 comentário:

Júlio Resende disse...

Gostei muito. Como disse alguém, “ A evolução tem por base a diferença, não igualdade.”