02 outubro 2018

Um banco em segunda mão

Quando se vende um bem como, por exemplo, um automóvel usado, é habitual seguir-se o princípio de ele ser vendido no estado em que está, analisar-se previamente tudo o que houver para analisar, ficando fora de questão eventuais compensações, ajustes ou acertos futuros. Exceção, e legalmente suportada, poderá existir quando existe algo intencionalmente escondido. O princípio salutar é que a partir de altura em que já não sou eu quem o conduz e mantém, também não quero ser responsabilizado por eventuais avarias.

O processo de venda da Novobanco parece ser um caso pouco saudável do género: o banco agora é vosso, vocês passam a geri-lo, mas se alguma coisa correr mal, suposta herança do período anterior, mandem-nos a conta que nós pagamos. Este “nós” acaba por não ser bem o “nós” que assina. É o fundo de resolução e no fundo o contribuinte que evidentemente não tem mais opção do que pagar o que lhe mandam.

Leio que o NB anuncia precisar de mais 726 milhões, sendo que a conta ainda não está fechada. Parece-me ser uma história do tipo: olha, naquele automóvel que me vendeste há uns meses, a embraiagem foi à vida. Vou substitui-la por uma nova e mando-te a conta.

Não será tão simples avaliar o balanço de um banco como a saúde do motor de um automóvel, mas todos sabemos que a embraiagem pode ir à vida mais depressa ou mais devagar conforme o tipo de condução.

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