Nos tempos em que os extremismos não estavam muito na moda, havia um deputado único de extrema-esquerda no Parlamento, da UDP, um dos percussores do Bloco de Esquerda. Inicialmente Acácio Barreiros, que acabaria por migrar para o PS, e depois o major Tomé. Recordo-me de uma reflexão na altura, de ser positivo ter um deputado com este perfil, para maior amplitude das discussões, mas que um chegava porque uma eventual aplicação prática dos seus propósitos não levaria o país a bom destino.
Hoje os extremismos estão mais normalizados, até já os vimos
a condicionar fortemente um programa de governo, e em 2019 apareceu o “major
Tomé” da direita, André Ventura, que enquanto deputado único acabava por ter um
papel algo semelhante aos dos seus predecessores do outro extremo da sala.
A grande diferença é que o Chega foi crescendo, mais por
demérito dos outros do que por mérito próprio, e chegou aos 50 deputados. O que
não mudou é que apesar de estarem 49 pessoas atrás do líder, não conseguimos
deixar de ver um partido mono personalidade com um general André que não sabe
muito bem o que pode fazer com as suas tropas, para lá de o seguirem no “ser
contra”… no que der jeito ser contra.
Uma das grandes incógnitas das próximas eleições será a
dimensão da representação parlamentar do Chega. Tendo já ficado provado de que
não possui quadros nem consistência para ser parte ativa e responsável nas
soluções de governação, serão deputados perdidos, dado que o general André
sozinho chega e sobra para a função que o partido tem desempenhado.
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