20 maio 2025

Habituem-se…?

 

Nestas eleições vimos uma preocupante subida de um populismo irresponsável, cuja força, no entanto, não é a ideologia. Esta pouco é escrutinada e muitos preferem colocar simplesmente a etiqueta de “extrema-direita” (como antes se “lutava” colando etiquetas de “fascista” ou “neoliberal”…). Seria mais eficaz pôr a nu a sua inconsequência e falta de qualidade dos seus quadros do que infantilizar o eleitorado,

Quanto à queda do PS, não resisti em revisitar uma famosa entrevista de António Costa à revista Visão, regiamente instalado em cima da sua maioria absoluta em dezembro de 2022. Para lá de várias mensagens sobranceiras e arrogantes, Costa proclamava: Habituem-se vamos cá estar assim por quatro anos, independentemente de casos e casinhos que não interessam verdadeiramente ao “país real”. Ainda não passaram 3 anos sobre essa data e o país real mostrou não se habituar.

É evidente que o perfil do Pedro Nuno Santos não ajudou. Se o PS foi importante na fundação da nossa democracia, não o foi com lideranças deste perfil e nunca em irmandade com partidos de vocação totalitária.

O Chega tem/teve um eficiente papel destrutivo, mais por demérito dos outros, que se puseram a jeito, do que por mérito próprio. Papel eventualmente positivo, correspondente à responsabilidade que a sua nova dimensão exigiria, é difícil de o imaginar neste momento.

Estas eleições mostraram que o eleitorado não se habitua a tudo, em parte felizmente. Será o momento de os intervenientes responsáveis refletirem que é preciso mudar algo seriamente, senão serão mudados eles e o resultado, para o país real, pode não ser positivo.


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