Esqueçam se a Anita é ou não é bonita, dispensem as favas com chouriço e despeçam-se dos addio, adieu, aufwiedersehen e outros que tais.
Ponham noutra prateleira as melodias bonitinhas e algo
melosas das rosas que se dão, das cabanas junto às praias e os convites a vir
viver a vida.
Do alto dos seus enérgicos 82 anos, José Cid, parece mais
determinado a promover e a recordar um trabalho dos anos 70, discreto, mas que é
talvez uma das melhores obras musicais jamais produzidas em Portugal.
Este sábado passado apresentou em Guimarães um espetáculo
absolutamente soberbo pela beleza e genialidade dos temas, assim como pela
qualidade da execução. Felizmente a RTP esteve lá com uma enorme mobilização de
meios e será possível ver no futuro um registo deste memorável serão.
Estou a falar do álbum de rock progressivo (sinfónico?) “10 000
Anos depois entre Vénus e Marte”. É estranho como este trabalho genial não teve
um mínimo da projeção merecida. Eu próprio que não sou especialista, mas também
não completamente distraído, só o descobri umas boas décadas depois da sua
publicação original em 1978.
Acredito que uma boa parte das pessoas que encheram o
Multiusos de Guimarães esperaria talvez outro reportório, mas pela reação no
final, parecem ter gostado e ainda bem que se enchem grandes salas e se aplaude
para lá do pimba … e outras simplicidades em curso.
Tem alguma lógica que nesta fase da vida José Cid se
concentre neste legado, tendo também apresentando temas do seu recente álbum
“Vozes do Além”, no mesmo registo. Faz sentido que partilhe e nos faça recordar
as coisas que fez com um nível de esforço e de qualidade largamente acima do
mediano. Obrigado !
E quem quiser ter uma ideia do trabalho original pode
espreitar aqui
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