03 setembro 2022

A transição a chegar mesmo


Lembram-se dos tempos em que os grandes líderes mundiais viajavam em jatos privados para se reunirem e discutirem as ações a tomar para salvar o planeta? Ou quando ambientalistas iam de Lisboa a Madrid para manifestarem pela sua causa? Lembram-se do tempo em que era consensual a necessidade de travar a utilização dos recursos do planeta, mas poucos efetivamente alteravam os seus hábitos e confortos?

A guerra na Ucrânia e o que por aí se adivinha como consequências, talvez venha a ter mais impacto real do que todas as cimeiras e manifestações organizadas até hoje. É que quando não há, não há mesmo. E se aplicássemos os mesmos princípios sancionatórios à Arábia Saudita pelo que têm feito no Iémen e não só…

Somando-se a esta crise energética a seca e a escassez de água, frugalidade deveria ser a palavra-chave e a ter em conta ao antes de acionar um interruptor, abrir uma torneira, avaliar um saldo ou promoção, carregar no acelerador ou planear as próximas férias. Em França. E. Macron, dramatizou anunciando o “fim da abundância”. Na teoria já sabíamos que vivamos de forma insustentável, mas as renúncias voluntarias são limitadas.

A ser concretizada esta travagem, para lá dos efeitos nas comodidades de cada um, haverá repercussões sérias em muitas fileiras de atividade. Se se deixar de gastar, vai sobrar capacidade produtiva, da qual muita gente depende. Esse será um grande problema a gerir, muito maior do que a perda dos confortos consumistas.

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