28 junho 2022

Os meses sem “R”

Dizem que pode ser arriscado comer bivalves nos meses sem “R”. Parece que hoje com a evolução da análise e acompanhamento da toxicidade das águas, já nos podemos deliciar com umas ameijoas à Bulhão Pato em pleno verão sem risco.

Como novo risco temos o bacalhau à Brás, que poderá ter salmonelas se não for bem cuidado. Julgo que os riscos de intoxicação alimentar vão bem para lá deste, mas a novidade é ficarmos também a saber que devemos evitar adoecer nos meses sem “R”, porque, ao contrário do das ameijoas cujo riso está controlado, o nosso SNS descontrola-se nessa época.

Enfim, coisas da natureza e, no caso do SNS, duma natureza organizativa deficiente. O verão é um período diferente, onde a maior parte das pessoas goza férias, onde as organizações que necessitam de manter continuidade para isso se preparam e onde, naturalmente, as rotinas de cada um serão diferentes. Obviamente que se já em situação normal o SNS está deficiente, nesse período é ainda mais complicado. Um cidadão lambda pode afirmar que é melhor não adoecer no verão; agora que quem tem (i)responsabilidade apele à população para não ficar doente nos meses sem “R”, é surreal. Falta aqui algo mais do que os “R”.


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