21 abril 2022

França, Le Pen e UE – Entre divórcio e libertinagem


A primeira vez foi em 2002 quando JM Le Pen chocou o mundo político francês ao passar à segunda volta das eleições presidenciais, contra J. Chirac. A proeza foi repetida pela filha Le Pen contra E. Macron em 2017 e agora de novo em 2022.

Num discurso amaciado face ao passado, ela diz não pretender propor a saída do país da UE, mas promete implementar uma preferência aos nacionais franceses e fazer a legislação francesa prevalecer sobre a europeia. É um pouco como o habilidoso que não quer divorciar-se, aprecia manter o conforto familiar às 2ª, 4ª e 6ªs e estar livre às 3ª, 5ª e sábados.  

Qual a razão para tanto sucesso deste discurso nacionalista? Penso que, entre outras coisas, incluindo uma alteração substancial da paisagem social de muitas cidades e subúrbios, há talvez demasiada “discriminação positiva” de algumas minorias, pelo menos em perceção. Real ou apenas sugerida, de dimensão corretamente avaliada ou pelo discurso populista amplificada, acaba num convite à discriminação positiva da maioria. Discriminações mesmo positivas podem ser remédio perigoso. Igualdade de oportunidades e recompensa objetiva e justa pelo mérito serão caminho mais são. 

No próximo domingo será a segunda volta e veremos. Termos visto JL Mélechon de uma extrema-esquerda utópica com 22% na primeira volta contra 1,7% da candidata do histórico partido socialista, sugere que alguma razoabilidade está a faltar.

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