Não é meu hábito fazer simples eco do que vai pelas ruas mediáticas, quando não tenho muito a complementar ou a contrapor, face ao coro geral. Abro aqui uma exceção para o tema Harvey Weinstein e outros, relativos às denúncias de assédio e de abuso sexual.
Tenho uma frase registada, da qual já perdi a origem, que diz que pecado só há um, é o de roubar, apropriar-nos de algo que não é nosso. Depois, muda aquilo que é roubado. Dentro do objeto do roubo, uma das coisas mais terríveis que se pode roubar a alguém é a dignidade.
Um pequeno parêntesis para nesta indignação generalizada não misturar os casos provocados e procurados de “promoção horizontal”, nem excluir as situações de género abusador diferente, certamente menos frequentes, mas não menos condenáveis.
Há uma coisa chamada a “lei do mais forte”, alguém poderá especular se tem raízes no processo de seleção natural, mas cuja aplicação em diversos domínios e escalas é a fonte da larga maioria dos males de que sofre o mundo. Para lá das evoluções científicas, tecnológicas e mesmo de hábitos sociais e culturais, estaremos sempre a cair para a bestialidade enquanto não resistirmos a usar a força.
Nos casos concretos em contexto profissional, em que está em causa uma carreira, uma realização pessoal, ou simplesmente a subsistência, acho-os profundamente revoltantes, pela “facilidade”, pela continuidade e pela proximidade penosamente vivida. Tudo o que possa configurar algo próximo sequer, é-me profundamente repugnante, levando mesmo a questões extremas. Considerando que as relações afetivas têm naturalmente altos e baixos e ciclos, começam e acabam, será que o risco de essa instabilidade contaminar a relação profissional é suficiente para regulamentar a ponto de banir completamente relacionamentos dentro das organizações? Não sei, podemos dizer que será questão de bom-senso, sendo que felizmente, ou infelizmente, toda a gente considera tê-lo!
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