Dentro daqueles fenómenos epidémicos, acertadamente também chamados virais, que se propagam pelas redes sociais e atingem até colunas de opinião de quem tem por missão opinar e, às vezes, nem sabe bem sobre o quê, está o caso do assédio sexual de Susan Fowler na Uber.
Antes de mais, e para começar claro e cristalino, tudo o que seja um ser humano utilizar alguma forma de poder para forçar outro a fazer o que este não quer nem a isso é obrigado, constitui um grave desrespeito pela condição humana e um atentado à dignidade da mesma. Quando o assunto envolve questões sexuais e o poder está no âmbito da hierarquia profissional, aí é especialmente execrável e acrescentem os adjetivos que entenderam. Eu até repetia o parágrafo duas ou três vezes, para ficar bem marcado. Aliás, mesmo sem entrar sequer nesse campo, as relações afetivas em contexto profissional são bastante delicadas, dada a dificuldade em conseguir separar eficazmente os sobressaltos e os humores que os afetos têm com a objetividade e o rigor que os relacionamentos profissionais exigem.
Voltando à Susan, ele foi vítima de assédio sexual dentro da Uber, o assunto ganhou visibilidade e a Uber, que depende muitíssimo da imagem, decidiu envolver um famoso ex-procurador geral na investigação, fazer um generoso mea culpa e por aí fora. Não sei se para pôr alguém no seu devido lugar seja necessária tanta artilharia. Dentro do chorrilho de leituras e comentários que o caso proporciona, vejo ser evocada a ligação com a natureza e a especificidade da Uber. E, aqui, é que o erro é grave. Não será um problema específico da Uber e, dentro do mal que lhe aconteceu, a Susan teve muita sorte em isto ter acontecido numa empresa assim exposta.
Pensemos nas Marias diariamente humilhadas nos Silvas e Silvas, sem nunca poderem sonhar em ver o seu caso mundialmente exposto e com direito a investigação por um famoso ex-procurador; pensemos nas Amiras para quem dois palmos de cara ou formas onde a natureza foi generosa são motivos impeditivos de conseguir uma carreira profissional séria e a independência e a dignidade que tal permite. E, insisto um pouco sobre a Amira. Nunca terá um ex-procurador geral a investigar o caso, nem o mais básico polícia sequer e, provavelmente, nem sequer a sensibilização e a solidariedade da sua opinião pública. Dos que se escandalizam com o caso da Susan, quantos admitem alguma compreensão para com as especificidades culturais “do outro”?
Antes de mais, e para começar claro e cristalino, tudo o que seja um ser humano utilizar alguma forma de poder para forçar outro a fazer o que este não quer nem a isso é obrigado, constitui um grave desrespeito pela condição humana e um atentado à dignidade da mesma. Quando o assunto envolve questões sexuais e o poder está no âmbito da hierarquia profissional, aí é especialmente execrável e acrescentem os adjetivos que entenderam. Eu até repetia o parágrafo duas ou três vezes, para ficar bem marcado. Aliás, mesmo sem entrar sequer nesse campo, as relações afetivas em contexto profissional são bastante delicadas, dada a dificuldade em conseguir separar eficazmente os sobressaltos e os humores que os afetos têm com a objetividade e o rigor que os relacionamentos profissionais exigem.
Voltando à Susan, ele foi vítima de assédio sexual dentro da Uber, o assunto ganhou visibilidade e a Uber, que depende muitíssimo da imagem, decidiu envolver um famoso ex-procurador geral na investigação, fazer um generoso mea culpa e por aí fora. Não sei se para pôr alguém no seu devido lugar seja necessária tanta artilharia. Dentro do chorrilho de leituras e comentários que o caso proporciona, vejo ser evocada a ligação com a natureza e a especificidade da Uber. E, aqui, é que o erro é grave. Não será um problema específico da Uber e, dentro do mal que lhe aconteceu, a Susan teve muita sorte em isto ter acontecido numa empresa assim exposta.
Pensemos nas Marias diariamente humilhadas nos Silvas e Silvas, sem nunca poderem sonhar em ver o seu caso mundialmente exposto e com direito a investigação por um famoso ex-procurador; pensemos nas Amiras para quem dois palmos de cara ou formas onde a natureza foi generosa são motivos impeditivos de conseguir uma carreira profissional séria e a independência e a dignidade que tal permite. E, insisto um pouco sobre a Amira. Nunca terá um ex-procurador geral a investigar o caso, nem o mais básico polícia sequer e, provavelmente, nem sequer a sensibilização e a solidariedade da sua opinião pública. Dos que se escandalizam com o caso da Susan, quantos admitem alguma compreensão para com as especificidades culturais “do outro”?
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