11 novembro 2016

Nos campos das papoilas


Nos campos de papoilas, onde outrora se acharam as trincheiras, há campos que permanecem minados por projeteis não explodidos, ainda não achados. Há demasiadas lápides fúnebres e tantas delas tão simples como “A Soldier of the Great War – Known unto God”. No memorial de Thiepval estão os nomes de 72000 soldados desaparecidos na batalha do Somme de 1916, de destino desconhecido. 


Uma coisa é ler uma descrição de algo onde, somente no primeiro dia, houve mais de 20000 mortos. Outra coisa é ver o filme no museu de Albert onde desfilam as imagens dos locais: La Boisselle, Poizières, Thiepval, Beaumont-Hamel. Muito mais do que isso é atravessar a região e ver como tudo é tão perto, como logo a sair ao inferno dos australianos, foi um dos ingleses, depois o dos irlandeses e do outro lado do riacho está os da Terranova. Os cemitérios militares são a imagem de uma colheita sinistra. De uma colheita que não se renovou, morreram definitivamente, e que não queremos ver renovada. 

Todas as guerras são estúpidas e insensatas. A Grande Guerra talvez mais um pouco, por uma certa ligeireza nas suas causas diretas e pela brutalidade e insensibilidade da imagem dos soldados a saírem em massa das trincheiras, tantos deles para caírem escassos metros à frente. No mesmo museu acima referido, a estatística diz-nos: 8 milhões, 538 mil, 315 mortos em toda a guerra.

11 de Novembro, dia do armistício, dia da papoila ao peito. Um armistício que não evitou uma nova grande guerra, apenas 20 anos depois. Entretanto, já passaram mais de 70 anos sobre o final da última grande guerra na Europa. Foi a última? Acredito que sim, mas nunca facilitando.




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