Nos campos de papoilas, onde outrora se acharam as trincheiras, há campos que permanecem minados por projeteis não explodidos, ainda não achados. Há demasiadas lápides fúnebres e tantas delas tão simples como “A Soldier of the Great War – Known unto God”. No memorial de Thiepval estão os nomes de 72000 soldados desaparecidos na batalha do Somme de 1916, de destino desconhecido.
Uma coisa é ler uma descrição de algo onde, somente no primeiro dia, houve mais de 20000 mortos. Outra coisa é ver o filme no museu de Albert onde desfilam as imagens dos locais: La Boisselle, Poizières, Thiepval, Beaumont-Hamel. Muito mais do que isso é atravessar a região e ver como tudo é tão perto, como logo a sair ao inferno dos australianos, foi um dos ingleses, depois o dos irlandeses e do outro lado do riacho está os da Terranova. Os cemitérios militares são a imagem de uma colheita sinistra. De uma colheita que não se renovou, morreram definitivamente, e que não queremos ver renovada.
Todas as guerras são estúpidas e insensatas. A Grande Guerra talvez mais um pouco, por uma certa ligeireza nas suas causas diretas e pela brutalidade e insensibilidade da imagem dos soldados a saírem em massa das trincheiras, tantos deles para caírem escassos metros à frente. No mesmo museu acima referido, a estatística diz-nos: 8 milhões, 538 mil, 315 mortos em toda a guerra.
11 de Novembro, dia do armistício, dia da papoila ao peito. Um armistício que não evitou uma nova grande guerra, apenas 20 anos depois. Entretanto, já passaram mais de 70 anos sobre o final da última grande guerra na Europa. Foi a última? Acredito que sim, mas nunca facilitando.
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