Quando Henry Ford revolucionou o fabrico do automóvel com o famoso modelo T, tinha como objectivo a redução do custo do produto, de modo a poder ser comprado pelo operário que o produzia. Muito ambicioso na altura, mas a indústria automóvel evolui de forma a esse objectivo ser alcançado. Quando há 20 anos atrás eu via no parque de estacionamento do pessoal da Ford Colónia veículos asiáticos questionava-me: na perspectiva do consumidor pode ser uma opção racional, mas não estarão estes operários a pôr em causa o seu próprio posto de trabalho? Isto era na altura da construção da Auto Europa e em que a indústria automóvel europeia ainda crescia. Hoje leio o anúncio do encerramento da Opel de Bochum, que não fica muito longe e a própria Ford Colónia foi poupada em detrimento da Ford Genk, na Bélgica, numa opção algo discutível. Se ambas as fábricas estivessem na Alemanha seria provavelmente a de Colónia a encerrar.
Ou seja, o operário passou a comprar o carro que ele fazia, depois passou a comprar carros que ele não fazia e agora, que não tem carros para fazer, fica sem trabalho. No fim ficará sem poder comprar carro de todo. O fim de um ciclo? O que se seguirá?
E não vale a pena pensar e falar em políticas voluntariosas de “prioridade ao crescimento económico” e “vontade de criar emprego” – o que a Europa precisa é de continuar a construir automóveis e afins.
Sem comentários:
Enviar um comentário