Por motivos diversos tem-se falado ultimamente nas tais sociedades secretas. Em primeiro lugar parece-me perfeitamente lícito que um grupo de cidadãos com um interesse comum se agrupe e crie um sindicado, no sentido lato da palavra, qualquer que seja o grupo e o interesse. Agora, que seja secreto ou algo escondido já me parece menos óbvio. Quem não deve não teme e, acrescento eu, quem não teme não se esconde. Posso entender que uma associação cristã em Espanha nos anos 30 sentisse medo e necessidade de se esconder, assim como que os comunistas o fizessem em Portugal durante o chamado Estado Novo. Hoje não consigo vislumbrar qual pode ser a razão ou o receio que justifique alguma forma de secretismo nos dias que correm.
Depois, há a questão da clareza das intenções. Os promotores imobiliários do Distrito de Aveiro terão todo o direito de criar uma associação que defenda os seus interesses mas não lhe deverão chamar “Associação para a Defesa da Biodiversidade da Ria de Aveiro”. E não devem fazê-lo por duas razões: uma é estarem a enganar a sociedade em geral, a segunda, muito mais grave, é captarem a generosidade de jovens de idade e/ou de espírito que ao pensarem que estão a trabalhar para a defesa da biodiversidade da Ria de Aveiro, estão é a trabalhar para promotores imobiliários. Isto é imoral e obsceno e as “ONG’s” a sério deveriam denunciá-lo.
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