“Galiza ficas sem homens que possam cortar teu pão”. Assim escrevia Rosalía de Castro o que muito foi cantado. Há também a fotografia de Gérald Bloncourt da menina portuguesa com a boneca, na lama de um bairro da lata de Paris, muito recentemente identificada, que foi e é outro símbolo. Quando o governo sugere a emigração é natural que a evocação desta fase miserabilista desperte repulsa e reacções fortes.
Não tem que ser assim, uma diáspora de qualidade a funcionar em rede pode ser um enorme factor potenciador do desenvolvimento do país e não há nenhuma dívida de que a experiência internacional é um importante factor de valorização pessoal. Ou seja: a saída do país construtiva e ambiciosa é positiva; a saída para simplesmente fugir à miséria, não.
Da mesma forma que se incentivam as empresas a saírem, será lícito que o governo faça o mesmo com as pessoas? Acho que não. Não gostaria de ver um ministro no vale do Ave a sugerir aos desempregados têxteis que façam as malas e que partam para o Paquistão. O que gostaria era de ter visto o governo a dizer aos seus “boys” para irem gerir hospitais para Angola e para o Brasil em vez de ter substituído as administrações em Portugal para lhes dar lugar.
O problema do emprego em Portugal e na Europa não se resolve carregando barcos de gente; resolve-se com fábricas, mas isso está fora de moda.
2 comentários:
Completamente de acordo!
Bom Natal!
Um abraço.
Um Bom Natal também para si e um abraço!
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