A Assembleia Nacional Francesa votou unanimemente um documento de princípio tendente a abolir a prostituição e, a exemplo da Suécia, criminalizar os clientes. Uma das vantagens de ver estas notícias nas páginas abertas a comentários, como neste caso no Le Monde, é que, apesar de algum primarismo e chutos ao lado, há sempre uma grande latitude de pontos de vista que acabam por enriquecer o tema. Aqui não faltou: “É um puritanismo hipócrita; será válido apenas para os pequenos, os grandes como o DSK acabarão sempre por encontrar esquemas; é uma espécie de “lei seca” com as consequências conhecidas, é importante para a dignidade da “mulher”.. e etc.
Se o proxenetismo e o tráfico de seres humanos devem ser crime bem penalizado, e acho que já são, o cobrar pelos “afectos” simplesmente pode ser algo mais delicado de caracterizar. Vejamos no limite: se uma menina vai de férias com um homem (para já não pensemos no vice-versa para não criar mais confusão) em que ele paga tudo… e tem tudo… isso pode ser considerado um negócio e penalizado? E se simplesmente fazem um programa em que ele paga um bom jantar, tendo já subjacente o passo seguinte? Ainda é crime? E quando ela casa sem afecto e sem amor, apenas pela recompensa material, não estará também a vender a sua dignidade? E, aqui, a ser crime, é a vítima que é condenada…?
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