Entre 1521 e 1523, aproximadamente 250 anos antes de Cook, Cristóvão de Mendonça percorreu a quase totalidade da costa Australiana e cartografou-a com rigor, conforme mapa acima documenta. Ficou em segredo, tal como o Brasil também esteve antes do tratado de Tordesilhas. Não houve necessidade, interesse ou oportunidade e nunca foi publicitado. Também não foi assumido. Apesar de todas as evidências, os australianos e o “mundo” continuam a preferir o Capitão Cook como descobridor. Afinal, sempre é de estirpe mais nobre do que os toscos anões mediterrânicos, mas isso é tema para outra reflexão.
A reflexão actual é pensar que Bartolomeu Dias tinha dobrado o Cabo das Tormentas em 1487-88, 35 anos antes! E, nesse período em que uma simples ida à Índia podia durar mais do que um ano, 35 anos é pouco tempo. A própria expedição de Mendonça saiu de Lisboa em Abril de 1519 e chegou a Goa apenas em Junho de 1520. Neste contexto 35 anos é mesmo muito pouco tempo para Moçambique, Mombaça, Ormuz, Goa e Malaca, para explorar e consolidar o domínio no Índico e numa parte do Pacífico. Poderíamos ainda somar mais para Oriente Macau e o Japão mas aí a presença é principalmente comercial.
Há um conjunto de elementos científicos determinantes para estes feitos, independentemente da sua origem, como as técnicas de navegação, os navios e o armamento. Mas não é suficiente. Sem organização, planificação sistemática e, sobretudo, liderança de qualidade não há tecnologia que resista. E é aí que reside o meu espanto. Que bicho nos mordeu para em meio século termos ficado donos efectivos e eficazes de meio mundo, bicho esse que nunca mais voltou a dar sinais de vida?
Não se pode conduzir a olhar para o retrovisor e mais importante do que realçar glórias passadas é desenhar e construir o futuro. Agora, merecia bem a pena entender qual foi a dinâmica que gerou e permitiu o protagonismo de figuras como D. João II, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque e como tão rapidamente se extinguiu. Foi apenas a série de azares que levou ao descalabro de D. Sebastião e o traumatismo dos Filipes? Foi a riqueza que minou o engenho? Mas, a ser assim, já não tivemos pobreza suficiente para o despertar de novo? Que raio de bicho mau nos mordeu para vivermos num país em que em cada boca, em cada esquina, em cada coluna de jornal e em cada comentário na televisão vemos apenas “velhos do Restelo”, diligentemente diagnosticando e identificando os desméritos de cada iniciativa?
A reflexão actual é pensar que Bartolomeu Dias tinha dobrado o Cabo das Tormentas em 1487-88, 35 anos antes! E, nesse período em que uma simples ida à Índia podia durar mais do que um ano, 35 anos é pouco tempo. A própria expedição de Mendonça saiu de Lisboa em Abril de 1519 e chegou a Goa apenas em Junho de 1520. Neste contexto 35 anos é mesmo muito pouco tempo para Moçambique, Mombaça, Ormuz, Goa e Malaca, para explorar e consolidar o domínio no Índico e numa parte do Pacífico. Poderíamos ainda somar mais para Oriente Macau e o Japão mas aí a presença é principalmente comercial.
Há um conjunto de elementos científicos determinantes para estes feitos, independentemente da sua origem, como as técnicas de navegação, os navios e o armamento. Mas não é suficiente. Sem organização, planificação sistemática e, sobretudo, liderança de qualidade não há tecnologia que resista. E é aí que reside o meu espanto. Que bicho nos mordeu para em meio século termos ficado donos efectivos e eficazes de meio mundo, bicho esse que nunca mais voltou a dar sinais de vida?
Não se pode conduzir a olhar para o retrovisor e mais importante do que realçar glórias passadas é desenhar e construir o futuro. Agora, merecia bem a pena entender qual foi a dinâmica que gerou e permitiu o protagonismo de figuras como D. João II, Vasco da Gama, Afonso de Albuquerque e como tão rapidamente se extinguiu. Foi apenas a série de azares que levou ao descalabro de D. Sebastião e o traumatismo dos Filipes? Foi a riqueza que minou o engenho? Mas, a ser assim, já não tivemos pobreza suficiente para o despertar de novo? Que raio de bicho mau nos mordeu para vivermos num país em que em cada boca, em cada esquina, em cada coluna de jornal e em cada comentário na televisão vemos apenas “velhos do Restelo”, diligentemente diagnosticando e identificando os desméritos de cada iniciativa?
No rescaldo da leitura de “Para além de Capricórnio” de Peter Trickett.
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