Começou aqui
3) Visibilidade
No radar do mundo que eu conheço, a organização ganha
relevância nas grandes transformações da Europa no século XIX, iniciadas pela
revolução francesa nos finais do XVIII. A passagem do absolutismo para o
liberalismo, o poder constitucional democrático contra o real divino, a
separação de poderes, o afastamento da igreja da governação do país e da
organização da sociedade civil, e uma certa (já lá vamos ao detalhe)
universalização dos direitos do homem (pelo menos dos considerados cidadãos). O
fim dos privilégios de casta hereditários.
Pode-se dizer que aqui a maçonaria esteve do lado certo da
história, no sentido em que os valores defendidos foram os que se consolidaram
e o que na altura era fraturante hoje é praticamente consensual.
Sobre este aspeto e os fundamentos da maçonaria
especulativa, para lá das questões básicas (e consensuais) da liberdade,
igualdade e fraternidade, há duas coisas que me soam dissonantes. Uma é aquela
coisa de que não há um Deus, que tenha criado o mundo, mas um ente superior,
arquiteto, GADU – Grande arquiteto do universo - que o projetou… para a
construção do mesmo, cá estão os pedreiros. Isto evoca-me um pouco a famosa reflexão
do “Eu não acredito em bruxas, mas….”
O outro aspeto é a misoginia e o não reconhecimento da
igualdade universal. Que no século XIX houvesse dificuldade em reconhecer
direitos iguais à mulher, é discutível; que a nossa Primeira República,
fortemente maçónica, recusasse o direito de voto às mulheres por receio de
serem influenciadas pelo clero, é oportunismo; que no século XXI a principal
obediência em Portugal continue fechada às mulheres é incompreensível e
injustificável. Parece mais coisa de um “old fashioned british club” do que de
uma organização que se reclama de progressista.
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