13 junho 2025

Para que serve a maçonaria? (III)

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3) Visibilidade

No radar do mundo que eu conheço, a organização ganha relevância nas grandes transformações da Europa no século XIX, iniciadas pela revolução francesa nos finais do XVIII. A passagem do absolutismo para o liberalismo, o poder constitucional democrático contra o real divino, a separação de poderes, o afastamento da igreja da governação do país e da organização da sociedade civil, e uma certa (já lá vamos ao detalhe) universalização dos direitos do homem (pelo menos dos considerados cidadãos). O fim dos privilégios de casta hereditários.

Pode-se dizer que aqui a maçonaria esteve do lado certo da história, no sentido em que os valores defendidos foram os que se consolidaram e o que na altura era fraturante hoje é praticamente consensual.

Sobre este aspeto e os fundamentos da maçonaria especulativa, para lá das questões básicas (e consensuais) da liberdade, igualdade e fraternidade, há duas coisas que me soam dissonantes. Uma é aquela coisa de que não há um Deus, que tenha criado o mundo, mas um ente superior, arquiteto, GADU – Grande arquiteto do universo - que o projetou… para a construção do mesmo, cá estão os pedreiros. Isto evoca-me um pouco a famosa reflexão do “Eu não acredito em bruxas, mas….”

O outro aspeto é a misoginia e o não reconhecimento da igualdade universal. Que no século XIX houvesse dificuldade em reconhecer direitos iguais à mulher, é discutível; que a nossa Primeira República, fortemente maçónica, recusasse o direito de voto às mulheres por receio de serem influenciadas pelo clero, é oportunismo; que no século XXI a principal obediência em Portugal continue fechada às mulheres é incompreensível e injustificável. Parece mais coisa de um “old fashioned british club” do que de uma organização que se reclama de progressista.

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