Por estes dias, Portugal e mais alguns países reconheceram o Estado da Palestina. Parece ser principalmente um sinal para Israel pelo que se passa em Gaza. Independentemente da justeza e da necessidade de pressionar Israel, pode-se questionar se é eficaz e se faz sentido. Em primeiro lugar, hoje há duas palestinas. A Cisjordânia, governada pela Fatah, com Mahmoud Abbas eleito presidente em 2004, depois não houve mais eleições, e Gaza controlada pelo Hamas, um movimento, no mínimo, pouco civilizado e democrático…
Fui reconhecida qual delas? As duas em conjunto é um pouco
do campo ficcional, dado o afastamento e o antagonismo entre os dois
movimentos. Uma certa lógica institucional diria que, apesar do tudo, foi reconhecida
a Cisjordânia, mas isso não mudaria grande coisa em Gaza, controlada pelo Hamas,
com o histórico conhecido. Como se pretende que fique Gaza depois disto? Esta
indefinição num passo tão relevante como este é algo caricata.
Se se trata de pôr em prática boas intenções, plenamente
justas, acrescento duas sugestões. A primeira é promover e reconhecer um Curdistão,
uma pátria para os Curdos, que várias vezes mostraram uma boa capacidade de se
organizarem e governarem, até serem fatalmente esmagados por um vizinho
poderoso.
A segunda é reconhecer Taiwan, que tem definição,
organização e instituições dignas de um verdadeiro Estado, sem a mais pequena
sombra dúvida. A menos que a ideia é ser firme contra os erros das democracias
e tolerante face às arrogâncias das ditaduras.
Atualizado a 26/9 com recorte da publicação no Público.
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