Na recente polémica com a agência da ONU de apoio aos refugiados palestinianos, a UNRWA, tem-se realçado a importância do trabalho humanitário que ela desenvolve, mas também se pode colocar uma questão. Porque é que ela ainda existe hoje e com tamanha importância?
Refugiado é alguém que perdeu a sua casa e condições de vida
onde estava estabelecido, foi forçado a deslocar-se para outro lugar, encontrando-se
numa situação de fragilidade. Faz sentido beneficiar de apoio e solidariedade
nesse momento, mas a lógica é que seja uma situação transitória. Ou há normalização
das condições e ele retorna, ou se instala definitivamente algures. Campos de
refugiados com gente em condições precárias durante décadas não fazem sentido.
Aqui, estamos a falar de refugiados na sequência da fundação
de Israel em 1948! Quantos dos palestinianos atualmente com esse estatuto eram
já vivos nessa altura? Dentro do mesmo processo, os judeus que abandonaram as
zonas árabes, instalaram-se algures em Israel e reconstruiram as suas vidas. Algumas
décadas antes, centenas de milhares de gregos ortodoxos foram obrigados a abandonar
a Turquia, quando esta se constituiu, e atravessaram o mar Egeu, mas não
ficaram eternamente a viver em campos de refugiados e a chorar a chave da casa
perdida. Inúmeros exemplos análogos podem ser encontrados na História.
Obviamente que para quem quer eternizar os conflitos e
manter a pressão, dá jeito existirem ainda e sempre “refugiados”. Ajuda a capitalizar
as reivindicações e a manter a causa viva. Estes palestinianos estão de certa
forma “aprisionados” e, nisto como noutros pontos, vítimas dos defensores de
uma certa causa, não necessariamente a que mais lhes interessa.
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