Em França basta evocar a “Grandeur de la France!” para fazer
furor. Sendo essencial abrir bem as vogais e arrastar os “r”s, não é
absolutamente necessário especificar a grandeza em causa nem como lá se chega.
Sarkosy e Hollande, cada qual à sua maneira, chamaram por essa grandeza. O
primeiro dando o braço à Sr Merkel, que agradeceu para não ter que dançar a
valsa sozinha, equiparando o seu país ao grande vizinho alemão na definição e
implementação das linhas de orientação para a Europa. O segundo, algo mais
traquina, achou que essa grandeza passa pela especificidade, qualidade também
muito apreciada lá no hexágono, e por fazer um manguito à dita senhora e à sua
receita de austeridade.
Não ficou claro para mim o que o senhor Hollande fará
mesmo para passar do “ser pelo” crescimento a “realizar” esse crescimento. Se é
construindo mais auto-estradas e mudando caixilharias das escolas, isso nós já
vimos por cá e respectiva ausência de resultados positivos. Estou muito curioso
para ver como ele irá reagir quando, a ser confirmado e implementado o seu
voluntarismo, os juros da dívida pública francesa dispararem. Não basta dizer
mal dos mercados; quando se precisa muito de pedir emprestado manda quem
empresta e não quem pede.
A alternativa é obviamente desvalorizar o euro,
reconhecer que a Europa está mais pobre e que não é com empreitadas públicas
voluntariosas que vai magicamente recuperar em seis meses. Criará inflação, um
fantasma na Alemanha, mas uma coisa a Sra Merkel deveria entender e ponderar. Nenhum
país altamente endividado e em ambiente depressivo consegue sobreviver a pagar
6% ou mais de juros. Estando Espanha no dobrar da esquina nesse capítulo e o Sr
Hollande com vontade de ir a correr para lá, esperemos que, com limitação de
estragos, se consiga mudar algo enquanto ainda há controlo para poder mudar.
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