Gaza andava a encravar o Glosa Crua há vários dias. Este texto foi aberto, retocado e fechado várias vezes, até atingir esta forma, publicável, mas sem ainda o sentir encerrado. Acompanhei o assunto de várias fontes, até mesmo em contacto directo com a “rua árabe” e falar/escrever sobre o tema é, no mínimo, delicado.
A existência de Israel e o seu histórico de vitórias militares não estão nem serão tão cedo “digeridas” pelo mundo árabe, que facilmente se solidariza e mobiliza para suportar os irmãos palestinianos vítimas. O facto de o Hamas, para quem um palestiniano morto por um israelita é um mártir e “quantos mais houver, mais fortes seremos”, ter sido quem disparou primeiro é irrelevante. Para a opinião pública árabe, os “rockets” que caem às dezenas numa área pequena e praticamente sem causar vítimas contam pouco ou nada.
Para lá de ninguém gostar de ver pedras choverem no seu quintal todos dias, mesmo não provocando estragos de maior, se efectivamente o Hamas está a ser apoiado e armado pelo Irão, o tempo corre contra o estado hebreu. Pode assim Israel ter razão na sua atitude pro-defensiva, ficando “apenas”o grande “apenas” das centenas de mortos.
Os estados árabes “moderados”, certamente não modelares em organização nem em transparência, a braços com o controlo dos islamitas radicais dentro das suas próprias fronteiras, não apoiam o Hamas e vêem assustados os protestos crescerem nas suas ruas. Curiosamente o cerco de Gaza e a consequente densidade populacional absurda têm dois actores: Israel pelo norte e leste e o Egipto pelo sul, se bem que as críticas sejam integralmente facturadas ao primeiro. Diga-se em abono da verdade que os palestinianos não têm fama de bons visitantes. A Jordânia expulsou a OLP do seu território em 1970 por atentarem contra o rei anfitrião. Aliás, penso que um líder do Hamas no Egipto não gozaria de grande amplitude de movimentos (expressão eufemística).
Pode Israel estar “simplesmente” a fazer algo de indispensável à sua sobrevivência, mas, na prática, está a ajudar a que se hoje houvesse eleições abertas teríamos provavelmente um “Irão” em todo o Médio Oriente. Não há eleições, mas …às vezes há revoluções. Quando a “autoridade palestiniana” dialoga com Israel, a seguir perde as eleições para o Hamas. Se um dia, por sua vez, o Hamas negociar veremos esses resultados consolidados ou surgirá um Hamas bis? O certo é que há dois tipos de paz: a dos cemitérios e a dos bravos e ainda faltam muitos mortos e os bravos que existem não chegam.
Enquanto a “rua árabe” não entender que a resposta aos padrões de vida “ocidentais”, que eles odeiam e invejam, não é um Irão, as perspectivas a prazo só podem piorar. Tentar esquecer uma dor de fígado bebendo whisky não ajuda nada, mas mesmo nada.
A existência de Israel e o seu histórico de vitórias militares não estão nem serão tão cedo “digeridas” pelo mundo árabe, que facilmente se solidariza e mobiliza para suportar os irmãos palestinianos vítimas. O facto de o Hamas, para quem um palestiniano morto por um israelita é um mártir e “quantos mais houver, mais fortes seremos”, ter sido quem disparou primeiro é irrelevante. Para a opinião pública árabe, os “rockets” que caem às dezenas numa área pequena e praticamente sem causar vítimas contam pouco ou nada.
Para lá de ninguém gostar de ver pedras choverem no seu quintal todos dias, mesmo não provocando estragos de maior, se efectivamente o Hamas está a ser apoiado e armado pelo Irão, o tempo corre contra o estado hebreu. Pode assim Israel ter razão na sua atitude pro-defensiva, ficando “apenas”o grande “apenas” das centenas de mortos.
Os estados árabes “moderados”, certamente não modelares em organização nem em transparência, a braços com o controlo dos islamitas radicais dentro das suas próprias fronteiras, não apoiam o Hamas e vêem assustados os protestos crescerem nas suas ruas. Curiosamente o cerco de Gaza e a consequente densidade populacional absurda têm dois actores: Israel pelo norte e leste e o Egipto pelo sul, se bem que as críticas sejam integralmente facturadas ao primeiro. Diga-se em abono da verdade que os palestinianos não têm fama de bons visitantes. A Jordânia expulsou a OLP do seu território em 1970 por atentarem contra o rei anfitrião. Aliás, penso que um líder do Hamas no Egipto não gozaria de grande amplitude de movimentos (expressão eufemística).
Pode Israel estar “simplesmente” a fazer algo de indispensável à sua sobrevivência, mas, na prática, está a ajudar a que se hoje houvesse eleições abertas teríamos provavelmente um “Irão” em todo o Médio Oriente. Não há eleições, mas …às vezes há revoluções. Quando a “autoridade palestiniana” dialoga com Israel, a seguir perde as eleições para o Hamas. Se um dia, por sua vez, o Hamas negociar veremos esses resultados consolidados ou surgirá um Hamas bis? O certo é que há dois tipos de paz: a dos cemitérios e a dos bravos e ainda faltam muitos mortos e os bravos que existem não chegam.
Enquanto a “rua árabe” não entender que a resposta aos padrões de vida “ocidentais”, que eles odeiam e invejam, não é um Irão, as perspectivas a prazo só podem piorar. Tentar esquecer uma dor de fígado bebendo whisky não ajuda nada, mas mesmo nada.
2 comentários:
Eu penso que só quando mundo acabar é que este conflito terá fim. E sinceramente, mesmo vendo as imagens que os meios de comunicação social mostram todos os dias dos massacres, das mortes, das crianças, das mulheres e dos velhinhos inocentes não consigo, mas é que não consigo mesmo, deixar de estar do lado de Israel.
HP
HP
Não faço ideia de como vai acabar..
Só sei que estou de passagem na Argélia e resolvi ficar bem estacionado porque há ameaças de manifestações de solidarieade com Gaza, não autorizadas e de desfecho imprevisível, quando acabar a grande reza das 6as feiras dentro de meia hora...
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