Sobre a crise que se tem abatido sobre algumas universidades privadas, li recentemente tratar-se apenas de ver o mercado a funcionar, separando as boas das más, não havendo nada de dramático nisso. Eu acredito muito no mercado em certos contextos. Se um restaurante não me agradou, não volto lá, perdi uma boa refeição, e é tudo. Se um automóvel se revela abaixo das minhas expectativas, não volto a comprar da mesma marca e aqui já não é tão pacífico porque não se troca de automóvel todas as semanas.
Muito diferente é o ensino superior. O ensino em geral e o superior em especial são dos principais agentes definidores do que seremos uma geração à frente e, para esta escala de tempo e importância, o mercado simples não regulado não funciona.
Dos investidores que desenvolveram um projecto mau que não sobrevive não tenho pena, até porque a história de muitos desses “investimentos” é tudo menos clara, poupando outros adjectivos que me poderiam fazer correr o risco de acusação por difamação. O outro lado da questão é o dos “clientes” e o refazer um curso não é o mesmo que trocar de restaurante.
Que farão hoje os milhares de jovens que investiram tempo, dinheiro e, sobretudo, “entusiasmo” em cursos desses projectos “maus”, que o mercado de trabalho agora rejeita? O problema é exclusivamente deles e da sua opção pouco esclarecida?
Um exemplo concreto: Portugal poderia ser hoje um destino de “turismo de saúde” onde gente com carteira recheada se viesse tratar na serenidade do país e na tranquilidade do clima. Em vez disso temos carência de médicos para o serviço nacional de saúde. Não tenho nada contra a concorrência internacional no “mercado de trabalho” e a vinda de médicos espanhóis, desde que falem português e haja reciprocidade. Somente acho vergonhoso isso acontecer ao mesmo tempo que milhares de vocações médicas não tiveram acesso à profissão porque o Estado andou distraído e/ou uma corporação controlou com sucesso o seu “mercado”. Vergonha é a palavra certa ou se preferirem em idioma mais “in”: “Shame on you!”
Muito diferente é o ensino superior. O ensino em geral e o superior em especial são dos principais agentes definidores do que seremos uma geração à frente e, para esta escala de tempo e importância, o mercado simples não regulado não funciona.
Dos investidores que desenvolveram um projecto mau que não sobrevive não tenho pena, até porque a história de muitos desses “investimentos” é tudo menos clara, poupando outros adjectivos que me poderiam fazer correr o risco de acusação por difamação. O outro lado da questão é o dos “clientes” e o refazer um curso não é o mesmo que trocar de restaurante.
Que farão hoje os milhares de jovens que investiram tempo, dinheiro e, sobretudo, “entusiasmo” em cursos desses projectos “maus”, que o mercado de trabalho agora rejeita? O problema é exclusivamente deles e da sua opção pouco esclarecida?
Um exemplo concreto: Portugal poderia ser hoje um destino de “turismo de saúde” onde gente com carteira recheada se viesse tratar na serenidade do país e na tranquilidade do clima. Em vez disso temos carência de médicos para o serviço nacional de saúde. Não tenho nada contra a concorrência internacional no “mercado de trabalho” e a vinda de médicos espanhóis, desde que falem português e haja reciprocidade. Somente acho vergonhoso isso acontecer ao mesmo tempo que milhares de vocações médicas não tiveram acesso à profissão porque o Estado andou distraído e/ou uma corporação controlou com sucesso o seu “mercado”. Vergonha é a palavra certa ou se preferirem em idioma mais “in”: “Shame on you!”
2 comentários:
Só um toque: torna moderáveis os comentários que tu recebe. Fica mais fácil responder, já que sempre que alguém postar um comentário, tu vai ser informado. Falo isso, porque deixei um comentário numa postagem antigona, sobre Che Guevara, "Causas e Messias", se não me engano (além de uma sobre "Wish You Were Here"). Ah, e uma coisa: tens um bom gosto musical. Axé.
Pedindo antecipadas desculpas pela “invasão” e alguma usurpação de espaço, gostaríamos de deixar o convite para uma visita a este Espaço que irá agitar as águas da Passividade Portuguesa...
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