26 setembro 2024

Uma F1 que já não existe


A foto acima serve para evocar uma F1 que já não existe.

Por um lado, o piloto, Ronnie Peterson, o meu primeiro ídolo. Não teria a consistência nem a racionalidade de muitos campeões, mas tinha entusiasmo, entrega e a simpatia do público. Na época a que se refere a foto até nem foi muito bem-sucedido, mas o malogrado o sueco voador foi e é uma figura acarinhada, à imagem de alguém que depois lhe sucedeu na exuberância, Gilles Villeneuve. Depois deste não consegui acarinhar mais nenhum.

Por outro lado, o carro. 6 rodas?! Hoje, em que se discute a legalidade dos biquinhos das asas, isto seria completamente “ilegal” e banido à luz dos regulamentos que pesam na categoria. Aliás, Peterson passaria a seguir para a Lotus com o fantástico e inovador Lotus 79 e o seu efeito de solo. Se o espírito regulamentar tivesse sido desde sempre o atual, pobre Colin Chapman. Não teria podia ter inovado com o monocoque do Lotus 25, nem o motor estrutural do Lotus 49 e tantas coisas diferentes nunca teriam acontecido…

Se quiserem, façam uma “fórmula modelo único", mas deixem algum sítio onde possa haver criatividade, imaginação e evoluções disruptivas.

Já só falta vermos um dia os pilotos em poltronas de sala a pilotar os carros como drones…

20 setembro 2024

Os cinzentos pagers haram


Como introdução, a expressão “haram” usa-se para caraterizar o que é inaceitável e contrário à lei islâmica, em oposição ao “halal”, o que é aceite e permitido.

Este título e introdução denunciam que o tema é o dos milhares de pagers Hezbollah, acrescentados depois os walkie talkies, que explodiram esta semana nas mãos dos membros, simpatizantes e próximos desse movimento terrorista, “satélite” do regime iraniano.

Aparentemente os pagers eram de conceção (antiga) de uma empresa taiwanesa, licenciados a uma empresa húngara que não tinham instalações industriais. Os rádios também antigos e descontinuados tinham origem original no Japão.

Pelo que vi, não se sabe ao certo onde os equipamentos efetivamente foram efetivamente produzidos, provavelmente numa “grey zone”, mais ou menos oficial, mais ou menos pirateados, mas, pelos vistos, a Mossad saberia.

Para lá das discussões sobre os méritos e oportunidade ou (des)propósito da operação, a mesma põe a nu uma grande fragilidade destes “ativistas”, que é um enorme défice de conhecimento e de tecnologia. De facto, eles apregoam o seu ódio e rejeição a tudo o que Ocidente cria, classificando-o como “haram”, mas, aparentemente, não existem fabricantes nem tecnologias, mesmo com um atraso de algumas décadas, “halal”.

Para lá dos estragos e impactos físicos e morais que a espetacular operação provocou, fica a frustração de não haver pagers “halal”, concebidos e criados conforme os princípios anacrónicos e desunhamos dos salafistas, que querem colocar o mundo a viver como há 14 séculos atrás. Efetivamente, nessa altura não havia pagers, nem outras coisas que, no entanto, eles não prescindem de utilizar nessa missão do “ò tempo volta para trás”. Tem lógica? Depende…