A eletricidade é uma coisa fantástica, viaja à velocidade da luz, mas a energia não se acumula, é necessário sincronismo absoluto entre a produção e o consumo. Quando alguém liga um interruptor em casa, algures uma central de produção estará instantaneamente a responder e a entregar esses watts… Por isso, a gestão das redes e do parque produtor é um desafio muito exigente. Juntando a variabilidade da produção solar ou eólica e a inflexibilidade de regime de algumas centrais como as nucleares, mais complexa é a gestão.
Relativamente ao famoso apagão desta semana, mais do que o
disse que disse, o fez não fez a lojinha ou como o viveu aquele dia o senhor
António ou a dona Maria, parece-me fundamental esclarecer o seguinte:
Quando Espanha diz que desapareceram “subitamente” 60% da
produção/consumo de energia, isto não é uma causa primária, mas a consequência
de outra coisa, que foi…?
As redes elétricas têm sistemas de deslastre, que devem
funcionar à velocidade da luz, ou quase, para evitar um colapso. Porque
falharam aqui?
Aparentemente teremos apenas duas centrais que podem
arrancar autónomas, todas as outras só “pegam de empurrão”. Porque apenas duas
e porque foi necessário esperar seis horas para carregar no botão? Havia um
plano de contingência preparado?
Pilotar um avião em modo automático e em céus tranquilos é
muito fácil. Será que “estamos preparados” para enfrentar tempestades e
imprevistos? Diria que não…