03 julho 2005

E se o Estado pudesse falir?

Imaginemos uma pequena/média empresa que se descapitaliza continuamente porque gasta mais do que ganha, em que os proprietários não podem trazer mais capital e em que a banca não acredita.

Há uma hipótese que é fechar, levando todos os trabalhadores para o desemprego. Outra hipótese seria reduzir e conter custos, incluindo os custos com o pessoal que são uma fatia importante. Convocados os trabalhadores, é-lhes explicado que vai ser necessário retirar algumas contribuições complementares e congelar o salário nominal durante um certo período para tentar equilibrar as contas.

Uma resposta possível para esta hipótese é os trabalhadores entenderem a necessidade, considerarem o plano equitativo para todos os níveis da empresa e aceitarem o sacrifício. Outra resposta diferente seria dizerem: Não senhor! Não se pode tocar nos sacrossantos direitos adquiridos, não podemos perder poder de compra e não aceitamos sequer congelamento da “evolução na carreira”. Vamos para a greve!

Não sabemos o desfecho para a primeira resposta mas, para a segunda, parece claro qual seria o futuro da empresa: acabava.

Numa outra escala, é isto que se passa com o Estado português e, em particular, com a função pública. A única diferença é que o Estado tem sempre quem empreste dinheiro, mais caro ou mais barato, hipotecando as gerações futuras, e pode sempre picar mais alguns cobres ao bolso dos contribuintes. Se o Estado pudesse falir, seria muito, muito, mais fácil

O plano actual do Governo toca a todos? Não. Tenta tocar em vários mas não alcança todos. Por isso não tem credibilidade? Bom... então, enquanto houver um Chico Esperto num canto deste país que não paga os impostos, eu não pago os meus! Ou vai tudo a eito de uma vez só ou nada! Se assim for, será sempre nada.

Quanto aos profissionais livres, que não pagam impostos, é verdade. E que tal se todos pedissemos recibo em vez de nos queixarmos? Não dá para entender que neste jogo estamos todos no campo e não na bancada?
A faltar mesmo a faltar acho que estão as obras públicas, as Casas da Música, o maravilhoso planeamento que faz destruir e reconstruir pontes e viadutos cada vez que uma via rápida passa de 2 para 3 faixas e... nunca é de mais insistir: o tráfico de influências e o financiamento dos partidos. E, já agora, convém referir que este financiamento não é só para produzir e colar cartazes nas campanhas eleitorais.

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