Páginas

04 novembro 2025

O terceiro trambolhão do projeto comunista


Certamente que existem boas pessoas e muito respeitáveis que acreditam na bondade do sistema comunista. Certamente que haverá outras que, mais do que ser “por”, serão basicamente “contra” o “sistema” estabelecido. Certo também que século e meio depois de Marx ter formulados os seus fundamentos e de diversas aplicações práticas em distintas latitudes, longitudes, meios e culturas, não há um único exemplo de sucesso em termos de prosperidade sustentada e de liberdade das populações. Não vale a pela aqui detalhar e especular relações de causa-efeito entre comunismo e totalitarismo e repressão… o facto é que nunca funcionou.

Portugal pós 25 de Abril foi um alvo para a implantação desse sistema e felizmente a tentativa fracassou. A primeiro escolho foi o resultado das eleições constituintes de 1976 onde, com 91% de participação, o PCP mais o seu satélite MDP/CDE ficaram nos 16%, abrindo caminho à primazia da legitimidade democrática face à chamada legitimidade revolucionária, obviamente não democrática. A vontade livremente expressa do povo apontou a um caminho diferente do que alguns “revolucionários” defendiam.

Em seguida veio o 25 de novembro onde os comunistas entenderam e registaram que aquela tentativa de golpe, falhada, tinha sido a última e que não havia condições para outras iniciativas de tentar “popularmente” deitar a mão ao poder, pela força.

O livro acima representado, muito objetivo e bem fundamentado acaba por evidenciar um terceiro fracasso do comunismo. De assinalar que o período analisado no livro é anterior à passagem do autor pelo ministério da agricultura onde teve intervenção decisiva no encerrar do processo.

Muito interessante no livro é o detalhe das táticas de tomada de poder dos comunistas nesses tempos de transição. Depois, apesar da aparente dicotomia entre malditos latifundiários e desgraçados camponeses, é a importância que largas franjas do sector agrícola nacional, mesmo dos pequenos, teve na contestação às expropriações e coletivização em curso.

Finalmente há a falência do sistema, que definha e vai colapsando à medida que os generosos e indiscriminados apoios públicos desaparecem. Passa a ser necessário produzir mesmo o suficiente para pagar o fim do mês, dificuldade acrescida quando há “trabalhadores” impostos porque o sindicato decidiu. É o terceiro marco da falência do comunismo, o económico. Sobre o resultado possível caso o país não tivesse encontrado energia e determinação para se libertar desse destino, temos o exemplo soviético do Holomodor e da grande fome. Ver aqui

Para acabar e baralhar as conclusões, creio que o único exemplo de coletivização bem-sucedida são … os Kibutizim israelitas.. mas, ok, são gente diferente e, ainda por cima, pouco apreciada pelos atuais defensores dessas teorias.

Sem comentários:

Enviar um comentário