Certamente que existem boas pessoas e muito respeitáveis que acreditam na bondade do sistema comunista. Certamente que haverá outras que, mais do que ser “por”, serão basicamente “contra” o “sistema” estabelecido. Certo também que século e meio depois de Marx ter formulados os seus fundamentos e de diversas aplicações práticas em distintas latitudes, longitudes, meios e culturas, não há um único exemplo de sucesso em termos de prosperidade sustentada e de liberdade das populações. Não vale a pela aqui detalhar e especular relações de causa-efeito entre comunismo e totalitarismo e repressão… o facto é que nunca funcionou.
Portugal pós 25 de Abril foi um alvo para a implantação
desse sistema e felizmente a tentativa fracassou. A primeiro escolho foi o
resultado das eleições constituintes de 1976 onde, com 91% de participação, o
PCP mais o seu satélite MDP/CDE ficaram nos 16%, abrindo caminho à primazia da
legitimidade democrática face à chamada legitimidade revolucionária, obviamente
não democrática. A vontade livremente expressa do povo apontou a um caminho
diferente do que alguns “revolucionários” defendiam.
Em seguida veio o 25 de novembro onde os comunistas
entenderam e registaram que aquela tentativa de golpe, falhada, tinha sido a
última e que não havia condições para outras iniciativas de tentar “popularmente”
deitar a mão ao poder, pela força.
O livro acima representado, muito objetivo e bem
fundamentado acaba por evidenciar um terceiro fracasso do comunismo. De assinalar
que o período analisado no livro é anterior à passagem do autor pelo ministério
da agricultura onde teve intervenção decisiva no encerrar do processo.
Muito interessante no livro é o detalhe das táticas de
tomada de poder dos comunistas nesses tempos de transição. Depois, apesar da aparente
dicotomia entre malditos latifundiários e desgraçados camponeses, é a
importância que largas franjas do sector agrícola nacional, mesmo dos pequenos,
teve na contestação às expropriações e coletivização em curso.
Finalmente há a falência do sistema, que definha e vai
colapsando à medida que os generosos e indiscriminados apoios públicos desaparecem.
Passa a ser necessário produzir mesmo o suficiente para pagar o fim do mês,
dificuldade acrescida quando há “trabalhadores” impostos porque o sindicato decidiu.
É o terceiro marco da falência do comunismo, o económico. Sobre o resultado
possível caso o país não tivesse encontrado energia e determinação para se
libertar desse destino, temos o exemplo soviético do Holomodor e da grande
fome. Ver aqui
Para acabar e baralhar as conclusões, creio que o único
exemplo de coletivização bem-sucedida são … os Kibutizim israelitas.. mas, ok,
são gente diferente e, ainda por cima, pouco apreciada pelos atuais defensores
dessas teorias.

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