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5) O objetivo atual e potenciais conflitos
Aqui começamos com uma grandessíssima questão. Qual o
objetivo atual da organização? Se se trata apenas do desenvolvimento
intelectual e filosófico dos seus membros, será assunto privado. Ninguém é
obrigado a revelar publicamente o livro que tem na mesinha de cabeceira. No
entanto, se falamos de uma associação, vivemos em liberdade associativa, incluindo
direitos e deveres. Se eu quiser criar uma associação columbófila ou de amigos
da sueca, estas deverão ter estatutos públicos, definindo objetivos, forma de
governo, etc... Uma “associação” que evita esta transparência pública e
respetivas obrigações deve ser ilegal, talvez... haverá certamente muitos
advogados bons conhecedores da realidade em causa que se podem pronunciar.
Agora, se ainda estamos na movida do século XIX em que
existe um projeto de transformação social, aí a coisa complica-se. Vivemos em
liberdade e podem ser criados partidos, movimentos cívicos e outros, mas que
assumam e digam ao que vêm. Uma organização que quer intervir no nosso modelo
social, a partir da sombra, parece-me conspiração. Não sei se é ilegal, mas não
é bonito, nem havia “nexexidade”…
Claro que um eleito pode confessar a religião que entender, sem ser obrigado a revelá-lo nem a ser condicionado por isso…
Agora, mais uma condicional, tratando-se da pertença a uma
organização com estrutura, hierarquia, juramentos e um “projeto” de sociedade,
nesse caso a incompatibilidade é clara…
Pode alguém apresentar-se ao eleitorado com um dado programa
público, ser eleito, tomar posse jurando a Constituição… para as 2ª, 4ª e 6ªs …
e ao mesmo tempo ter promessa de lealdade a outro projeto qualquer, que o povo eleitor
desconhece, para as 3ª, 5ªs e sábados… É claro que não.
Embora com menos gravidade, este potencial conflito de
interesse pode existir na esfera privada. Tenho na minha equipa o António e o
Manuel. O António é atual mestre da minha loja e na próxima sessão será decida
a minha subida de grau… O António faz uma grande asneira… terei a mesma “força”
para o criticar e eventualmente penalizar do que ao Manuel em caso idêntico,
com quem não tenho nenhum relacionamento extraprofissional? E quando for
necessário decidir uma promoção na empresa, não estará o António melhor
colocado, sem ninguém entender porquê, se até erra mais vezes?
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