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14 agosto 2009

Eu sei que eles se lavam pouco, mas....

Quando vivi na Bélgica notei que os hábitos higiénicos locais são um pouco abaixo dos nossos padrões. Olhos arregalavam-se ao ouvir contar que há quem tome banho diariamente e num dia, raro, de canícula acima de 30º, alguém comentava: “Não há hipótese! Com este calor tem mesmo que se mudar de camisa todos os dias”. Não questionei qual seria o limite a partir do qual a camisa lavada diária se tornava indispensável. Pode até mesmo existir uma curva com o número de dias em que se aguenta a mesma camisa em função da temperatura. Eventualmente no Inverno durarão a semana inteira.

Vem isto a propósito de um artigo que li no último número da “Jeune Afrique”, uma espécie de crónica, em que o autor se insurge contra a quantidade de calçado usado oferecido pelos Belgas a ONG’s e que vão calçar africanos descalços. Acrescenta que sendo usados em particular e logicamente nos pés, se trata quase de exportação de um produto tóxico, podendo provocar doenças nos pés dos africanos que os recebem: micoses, eczemas e mesmo a peste! Um escândalo!

Oh pá! Eu sei que ele se lavam pouco, mas daí a ser perigoso a esse nível vai uma distanciazinha e um bom bocado de ridículo! É que nisto de doenças, as da “casa” são sempre mais toleráveis. Tudo o que pode acontecer, e pode acontecer muita coisa ,ao andar descalço numa rua africana é normal; o facto de no meio de uns milhões de sapatos poderem vir algumas sandálias “tóxicas” é que é absolutamente inaceitável!

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