24 julho 2014

Goofazons are cool !

Há 4 meses a Facebook comprou uma empresa de óculos de realidade virtual, Oculus, por uma avultada quantia, levantando interrogações sobre a lógica desse enorme investimento. Uma das interpretações é que dada a volatilidade dos seus utilizadores, como num local de diversão mundana, o FB corre o risco de ficar fora de moda e cair a pique. Assim, da mesma forma como um cinquentão compra um desportivo descapotável para parecer “cool”, esta entrada do FB na realidade virtual pode ser apenas uma forma de rejuvenescer a imagem e de se tentar manter atraente. 

Recentemente li um artigo na “Courrier” sobre a Google, descrevendo como esta está empenhada e a investir na construção de um futuro melhor para a humanidade. Uma colecção de desafios fantásticos, supostamente comparáveis ao de Kennedy de colocar um homem na lua na década de sessenta: balões para levar a internet aos aborígenes, casas construídas rapidamente com impressoras 3D, turbinas eólicas voadoras, robots inteligentes (sim, porque para burro…). Tudo isto com meios quase infindáveis à disposição, laboratórios de topo, recursos humanos que são os melhores dos melhores, condições de trabalho de sonho …. Até parece que a Google não é uma empresa, mas antes uma excêntrica fundação. Cheira-me a excessivo. Se é certo que os resultados da investigação têm o seu tempo de gestação, alguns resultados devem aparecer. Duas vezes no dossier, era referida uma experiencia que permitiu melhorar em 25% o sucesso do reconhecimento de voz. Não será mau mas cheira a magro. Fico a pensar se o fundo daquela “excêntrica feira de investigação” não será simplesmente a promoção da imagem do que fundamentalmente é “apenas” uma agência de publicidade, também sujeita a forte volatilidade do seu público…

Num contexto um pouco diferente aquele anúncio da Amazon planear usar drones para fazer as entregas também me parece mais uma campanha de imagem do que um projecto industrial e económico sério.

Coisa prática, corri o tradutor da Google para um poema do J Brel do qual fiz uma tradução livre recentemente – aqui - . O resultado, abaixo transcrito, é pouco abonatório para os fantásticos laboratórios que tentam moldar o nosso futuro. Mesmo sem ser coisa de ir à lua, parece-me que poderiam algo um bocadinho mais cool!

São mais de dois mil e eu que ver dois
A chuva tem soldados ele parece uma outra
São mais de dois mil e eu que ver dois
E eu sei que falar ele deve dizer "eu te amo! "
Deve dizer "eu te amo! "
Acho que eles são de nada prometer
Estes dois são muito fina para ser desonesto

São mais de dois mil e eu que ver dois
E de repente ele chora ele chora a ferver
Estão todos rodeados em suado gordura
Eaters e esperança mostre que o nariz
Mas estes dois rasgado super dor
Cães abandonados a façanha de juiz

A vida não faz nenhum presente e o nome de Deus, que está triste
Orly no domingo com ou sem Becaud!

E agora eles choram quero dizer tanto
No início ele era quando eu digo "ele"
Enquanto eles são rebaixados eles não ouvir nada
O choro do outro e, em seguida
E infinitamente como dois corpos que oram
Infinitamente lentamente estes dois órgãos estão separados
E separando ambos lágrima corpo
E eu juro que eles gritam e, em seguida, eles mostram
Mais uma vez tornar-se um reverter fogo
E então, redéchirent preparem-se os olhos
E depois para trás à medida que a maré vai,
Ele consome despedida ele baba algumas palavras
Mexeu a mão vaga e, de repente, ele fugiu
Fugiu sem olhar para trás e, em seguida, ele desaparece
Comido pelas escadas

E, em seguida, ele desaparece comido pelas escadas
E ela fica lá da cruz do coração, a boca aberta
Sem um grito, sem uma palavra ela sabe que a sua morte
Ele vem da cruz agora, ela se transforma
E ainda os retornos seus braços vão para o chão
É isso aí! Ela mil anos a porta está fechada
Aqui sem luz ele gira sobre si mesmo
E ela já sabe ele sempre vai virar
Ela perdeu os homens mas não perde o amor
Amor disse-lhe revoilà desnecessário
Ela morava projetos o que não vai esperar
O frágil revoilà antes de ser para venda

Eu estou aqui, eu sou eu não me atrevo a fazer qualquer coisa por ela
Os petiscos multidão como qualquer fruta

21 julho 2014

Secou a agenda, mudou o sistema?

Como costumo dizer, para mim existem dois tipos de actividades económicas: umas têm no fim da linha um consumidor e outras têm um contribuinte. Nas primeiras prima a excelência operacional, a criatividade e inovação e o sistema de valores baseia-se no mérito. Nas segundas, o fundamental é o relacionamento, as fidelidades inquestionáveis e a agenda de contactos. Não é muito relevante fazer mal ou bem, dado que, se necessário for, haverá sempre alguém a quem telefonar que arranjará uma solução.

O caso recente do grupo Espírito Santo parece ser uma situação de uma agenda de contactos riquíssima que empobreceu e já não resolve. Do que se conhece, é evidente uma enorme e pouco higiénica proximidade e promiscuidade entre o grupo e o poder, que administra o dinheiro dos contribuintes. Poucos dossiers públicos polémicos (e não polémicos, certamente) haverá que não tiveram a marca e o contributo do grupo.

O que penso assistir-se neste momento é que uma série de coisas mal feitas, deixaram de ter a habitual compensação/resolução pelo oportuno telefonema ao contacto poderoso. Esse poder, que no fundo não mais era do que a apropriação dos fundos do contribuinte, já não resolve.

O previsível colapso que se anuncia terá largas e certamente graves consequências. Nem todos os envolvidos no sistema financeiro são bandidos sem escrúpulos a abater. Há empresas e outros actores que gerem valor real e palpável, que poderão entrar em sérias dificuldades. Sendo isso inevitável, a minha única esperança é que saia fortalecido, pelo menos em termos relativos, um sistema de valores em que a riqueza é criada e não usurpada.

15 julho 2014

Tem que ser desta

Aparentemente o famoso navio Atlântida será finalmente vendido. Foram oferecidos 13 milhões de euros, um valor largamente inferior aos 46,5 milhões de euros, pelos quais ele deveria ter sido vendido inicialmente e também significativamente inferior a uns 35 milhões que consta terão sido oferecidos em tempos, após a resilição com os Açores. A esta diferença ainda deverão ser somados todos os custos operacionais e financeiros dos anos em que o navio esteve comercialmente encalhado.

Custa-me a crer que um défice de 13% na velocidade máxima fosse razão única para termos chegado a isto. Não entendo como fornecedor e cliente ambos entidades públicas, com obrigação de zelarem um pouco pelo interesse público, não conseguiram acordar algum tipo de compromisso, menos radical. É muito estranho e cheira que há aqui mais nós atados do que os da velocidade.

Não vale a pena pensar em recuperar o leite derramado. Está perdido e está. Pode-se é fazer a conta completa, calcular o custo total desta absurdidade e, já agora, por favor, apurar responsabilidades. Não posso acreditar que o país não tenha organismos e enquadramento jurídico para lidar com esta delapidação de dinheiro público. Tem que existir e quem é responsável por essa iniciativa deve assumi-la. Se não o fizer, vai dar a ideia de ter alguma conivência. Por isso, por favor, esclarecem isto e com celeridade. Como cidadão, a minha contribuição involuntária para este prejuízo dá-me o direito de exigir apuramento de responsabilidades ao Estado Português.

13 julho 2014

O custo de partilhar

Aqui atrás eu referia o preço do grátis, sobre as consequências que podem ter para nós o aproveitarmos tanta coisa que nos “oferecem”. Para lá dessas investidas contra a nossa vontade e sem o nosso conhecimento, há outro risco que é exclusivamente da responsabilidade do utilizador: colocar o álbum de família aberto ao público e deixar registados de forma indelével aqueles comentários que às vezes se fazem com ironia ou infelicidade num momento.

A menina bonitinha da fotografia acima foi identificada e destacada como uma belíssima apoiante da selecção do seu país, a Bélgica. De tal forma que a l’Oreal lhe ofereceu um contrato como manequim… ! Só que a menina tinha na sua página uma foto sua com um antílope morto, supostamente caçado por ela. Era público, foi publicitado e deu um vendaval de protestos. A l’Oreal não quis a sua imagem associada a uma caçadora de animais selvagens e … cancelou-lhe o contrato.

11 julho 2014

Ver um amigo chorar...

Na continuação deste, ainda o grande Jacques e ainda "Les Marquises".
Há muita coisa triste no mundo mas...

Sim, claro, há as guerras na Irlanda
E essas tribos sem música
Sim, claro, toda esta falta de ternura
Já não há mais América
Sim, claro, o dinheiro não tem cheiro
Mas o sem cheiro chega-vos ao nariz
Sim, claro, pisamos as flores
Mas, mas ver um amigo chorar…

Sim, claro, há as nossas derrotas
E depois a morte lá ao fundo
O corpo inclina já a cabeça
Espantado de ainda estar de pé
Sim, claro, as mulheres infiéis
E os pássaros assassinados
Sim, claro, os nossos corações perdem as asas
Mas, mas ver um amigo chorar…

Sim, claro, estas cidades exaustas
Por estas crianças de 50 anos
A nossa impotência em ajudá-los
E os nossos amores com dores de dentes
Sim, claro, o tempo passa rápido
Estes metros cheios de afogados
A verdade que nos evita
Mas, mas ver um amigo chorar

Sim, claro, os nossos espelhos são íntegros
Nem a coragem de ser judeu
Nem a elegância de ser negro
Pensamos ser pavio, somos apenas cera
E todos esses homens nossos irmãos
De tal forma que não nos surpreende
Que por amor nos dilaceram
Mas, mas ver um amigo chorar

09 julho 2014

A Dívida e a Constituição


“Não pagamos, não pagamos!”. Dito veementemente e com um murro na mesa a acompanhar, provoca um bom efeito e fartos aplausos. Falo naturalmente do (não) pagarmos a nossa dívida pública. Há uns tempos, pedimos emprestado, com condições bem definidas e assumidas. Agora decidimos que esse compromisso não valeu, não é para cumprir. Não é muito correcto nem pelo princípio nem pelos efeitos. Nem todos os credores são bandidos a castigar e para lá das questões éticas, há outras de natureza prática. Quem, a partir desse momento, iria ainda acreditar na nossa palavra e voltar a emprestar-nos? Muito poucos, certamente.


O cenário do “não pagamos” é, portanto, um filme a metade, devia ser apresentado o cenário completo do “não pagamos e depois mais ninguém nos empresta”. É muito difícil fazer futurologia em economia, mas uma boa fonte de inspiração será a Coreia do Norte.

A dívida não foi um acidente que sofremos numa manhã fatídica. Foi e é, principalmente, fruto de uma governação irresponsável ao longo de vários anos. Provavelmente não iremos mesmo conseguir pagar, mas uma coisa é dizê-lo com um murro na mesa de peito feito e outra coisa é dizê-lo com a corda no pescoço. No entanto, enquanto não corrigirmos o que temos a corrigir, que é deixar de gastar à toa, o mais certo é os nossos credores não nos tirarem a corda do pescoço.

Como estamos em maré de sugestões, eu deixo uma. Esta governação irresponsável (para não ir mais longe nos adjectivos) não pode existir num Estado de Direito. Assim, é só apelar ao Tribunal Constitucional e ele facilmente anulará esses compromissos. Será um “não pagamos” porque o TC não deixa, muito melhor do que o murro na mesa ou a corda no pescoço. A seguir só precisaríamos de alterar a Constituição dos outros países para prever que eles sejam obrigados a nos emprestarem/darem dinheiro, dado que a (interpretação da) nossa não permite reduzir a despesa nem pagar a dívida. Que solução maravilhosa!

07 julho 2014

Orly em tradução livre

Já falei aí para trás de Brel. Em 1966 no auge da carreira decidiu abandonar os palcos. No seu último concerto no Olympia, como sempre, recusou-se aos “encores” mas regressou 7 vezes ao palco para agradecer. Honrou os contractos pendentes e fez o último espectáculo em 1967. Depois de algumas experiências cinematográficas nem sempre bem sucedidas instalou-se nas ilhas Marquesas, no Pacífico. Doente, cancro de pulmão, quando ninguém esperava, ele regressa, doente, para gravar em 1977 um novo álbum de originais, a todos os títulos histórico e admirável, “Les Marquises”. Morreria no ano seguinte. Já falei disso antes – hoje apeteceu-me apenas fazer uma tradução livre de um texto magnífico dessa obra.

Orly 

São mais de dois mil e eu apenas vejo dois
A chuva colou-os, parece, um ao outro
São mais de dois mil e eu apenas vejo dois
E sei que falam, ele dir-lhe-á “amo-te”, ela dir-lhe-á “amo-te”
Acho que estão a tentar nada se prometerem
Estes dois são demasiado magros para serem desonestos

São mais de dois mil e eu apenas vejo dois
E bruscamente ele chora, chora em grandes soluços
Rodeados que estão de gordurosos suados
Que lhes estendem o nariz
Mas estes dois dilacerados, soberbos de desgosto
Deixam simplesmente aos cães a façanha de os julgar

A vida não dá prendas e meu Deus com é triste Orly
Num domingo, com ou sem Bécaud

E agora eles choram, os dois, há pouco era ele apenas
Tão encastrados que estão, não ouvirão mais nada do que os soluços do outro
E depois
E depois infinitamente, como dois corpos que rezam
Infinitamente lentamente os dois corpos separam-se
E separando-se, os dois corpos dilaceram-se
E juro-vos que gritam
E depois retomam-se, voltam a ser um só
Voltam a ser o fogo e dilaceram-se de novo
E depois recuando, como o mar que se retira
Eles consomem o adeus
Ele balbucia umas palavras, agita uma mão vã
E bruscamente ele foge, foge sem se voltar
E depois ele desaparece, engolido pela escada rolante

A vida não dá prendas e meu Deus com é triste Orly
Num domingo, com ou sem Bécaud

E depois ele desaparece, engolido pela escada rolante
E ela, ela fica lá, coração em cruz, boca aberta
Sem um grito, sem uma palavra
Ela conhece a sua morte, acabou de a atravessar
Ela volta-se de novo, os seus baraços tocam o chão
De repente ela tem mil anos
A porta fecha-se de novo, ei-la sem luz
Ela volta-se sobre si e ela sabe que voltar-se-á sempre,
Ele já perdeu homens, mas aqui ela perde o amor
O amor disse-lhe, eis o inútil
Ela vivera de projectos que esperarão para sempre
Ei-la frágil, antes de estar à venda
Eu estou lá, segui-a
Nada ouso por ela, que a multidão debica como um fruto qualquer

05 julho 2014

Respeito aos símbolos

A história do processo da bandeira enforcada dá que pensar. Não conheço em detalhe a legislação, mas concordo com o princípio de que devem existir leis e estas serem cumpridas. No entanto, isto de levar a tribunal estes desrespeitos simbólicos é típico de regimes autoritários inseguros. E, já agora, o pessoal que nos estádios usa a bandeira como rodilha, avental ou sei lá que mais, também não estará para lá dos limites legais?

Acredito ainda que há uma coisa chamada “respeito”, que é um valor civilizacional superior a decretos e despachos. Por exemplo, no último 10 de Junho foi-se muito para lá desse limite e gostava de ver a reacção de Mário Nogueira se/quando um dia for assim apupado num seu discurso.

Tão importante como se a bandeira pode ser dobrada ou amarfanhada é a relação de respeito mútuo que deve existir entre os vários actores públicos e especialmente os institucionais. Quando ouvimos alguns discursos dos nossos políticos, agressivos, descaradamente hipócritas e francamente deseducados, muitas vezes em lugares a merecer o maior respeito como a Assembleia da República, não me ficam dúvidas de que eles estão a “amarfanhar” seriamente as nossas instituições. Não peço que sejam levados a tribunal como o estudante de belas artes; apenas que tenham consciência do mal que fazem e tentem civilizar-se.

Nota: poderei ter problemas um dia por publicar esta foto de uma bandeira rota!?

03 julho 2014

O preço do grátis

No texto anterior eu escrevi que a nova geração não está habituada a pagar pela música que ouve e não é só com a música. E a verdade é que estamos extraordinariamente habituados a que nos ofereçam coisas grátis, sobretudo no mundo da internet e derivados. Na realidade, como não há almoços grátis, paga-se sempre de uma forma ou doutra. Muitas vezes a remuneração é via simples publicidade e aí é mais ou menos claro.

Quando me pus a hipótese de comprar um tablet analisei a oferta do kindle da Amazon e descobri que, face a outras ofertas mais “caras”, tinha a particularidade de com muita facilidade estar a fazer sugestões de compra. Lançaram agora um telemóvel que parece ter um objectivo principal diferente do telefonar. Apontamos as suas camaras a qualquer coisa, ele identifica a coisa e facilmente nos propõe o preço e o prazo de entrega para a Amazon a colocar no destino que quisermos. As montras deixarão de servir para vender os produtos da loja, mas sim para explicar à Amazon o que lhe queremos comprar…

Mais uma vez, nada disto está muito mal quando as regras são claras. O problema que me preocupa é até que ponto a recolha e exploração de informação está a formatar a sociedade segundo interesses que não controlamos. Li recentemente que o gigante do passado foi a General Electric quando a chave da economia era a energia. Hoje é a Google porque a chave é a informação. Para lá do aspecto filosófico da comparação da energia com a informação como geradores de riqueza, é um facto de as googles, amazons e facebooks são autênticos aspiradores de informação (e já sem falar na espionagem industrial ou militar noutra órbita…). Por vezes encontro sugestões de amigos no Facebook sem nenhuma relação com a minha actividade lá. Ou seja, ele anda a escarafunchar no meu PC para me propor “amigos”. E eu autorizei isso? Quando se põe lá o clique no “aceito as condições”… sabemos até que ponto vamos ser aspirados e a nossa actividade seguida e registada algures fora do nosso controle e conhecimento? Posso pagar para não ser monitorado assim? Se calhar não será “grátis” apagarem-me esses registos... Que dizer da experiencia feita no FB de condicionar as publicações em murais pessoais, para o negativo ou para o positivo, com o objectivo medir o efeito contagiante… !?? Já não é “Big Brother is watching you”, é “Big Brother is driving you!” e isso realmente vale muito dinheiro!

01 julho 2014

A crise é uma festa?

Exagero um pouco no título… Uma notícia dizia que em Portugal haveria mais de 100 festivais de música em 2014. Não serão todos da escala do Rock in Rio, mas, mesmo assim, é muita festa. É certo que os hábitos de consumo musicais são diferentes. A nova geração desabituou-se de pagar pela música que ouve no dia-a-dia e diz-se que é nos espectáculos ao vivo que agora se faz a receita.

Isto evidencia uma costela (ou várias) jurássica da minha parte. A minha biblioteca “ripada” tem mais de 9000 temas e desses apenas 13, 1 álbum, foi descarregado à pirata, não por mim, aliás. Os outros todos foram comprados e pagos, e outro tanto está lá em casa, num móvel de gavetas derreadas, ainda por ripar.

A minha interrogação é: como dentro desta crise toda em que para tantos não há dinheiro para alimentação saudável, para livros, para estudar e outras coisa mais, supostamente prioritárias, continue a existir um mercado de entretenimento desta dimensão? Que prioridades estão em jogo, o que fica para trás, preterido por um festival de verão?

Voltando à parte jurássica… no meu tempo… havia um único festival de verão. Chamava-se “Festa do Avante”. Eu e muitos íamos lá apenas só pela música. Fugíamos quando chegava a parte dos discursos…